As relações de trabalho sofreram grandes transformações com a pandemia. Muitas empresas e funcionários tiveram a oportunidade de testar o formato de trabalho remoto e, a partir de experiências bem-sucedidas, modificaram as relações. Algumas companhias apostam no formato híbrido e outras adotaram outras maneiras de atuação, como o remote first.
Veja, abaixo, a opinião e as experiências de alguns executivos de grandes empresas de tecnologia sobre o assunto:
De acordo com Ingrid Imanishi, Diretora de Soluções Avançadas da NICE, “Acompanhamos transformações gigantescas dentro das empresas e uma das principais é a relação com a força de trabalho. No geral, acredito que temos um ganho tanto na quantidade de tarefas que conseguimos realizar quanto na qualidade de vida de quem as realiza, principalmente para quem vive em grandes cidades e tem que enfrentar os desafios típicos, como trânsito, transporte, deslocamento… Tenho visto cada vez mais empresas investindo em parâmetros de produtividade, muito menos para ser “big brother” e muito mais para garantir esse balanço de qualidade de vida e atividade, para que todos os processos aconteçam de uma forma sustentável. Para colaborar, há hoje no mercado uma série de tecnologias estratégicas aderentes a este objetivo e que apoiam as companhias na compreensão do nível de ocupação dos colaboradores, ao mesmo tempo em que permitem uma intervenção colaborativa para desenhar novas formas de trabalho”.
Remote First
A Agility, empresa de tecnologia que integra soluções e serviços, implementou o sistema remote first para seus colaboradores, de forma a priorizar o trabalho remoto com o objetivo de oferecer aos colaboradores flexibilidade e qualidade de vida. As equipes realizam o trabalho de forma remota como primeira opção. Se houver necessidade ou interesse, basta ir ao escritório.
Para que os funcionários realizem suas atividades com segurança, tanto em ambientes remotos quanto físicos, a Agility adequou o espaço presencial com sinalizações que garantem a segurança em relação à pandemia. Todos possuem notebooks fornecidos pela empresa e alguns trabalham com celular corporativo.
De acordo com Priscila Oliveira Santa Lucia, Gerente de Recursos Humanos da empresa, “remote frisa é uma mentalidade que promove um ambiente virtual democrático e produtivo, no qual todos estão conectados via nuvem de forma segura”.
Everywhere
Muitas empresas perceberam que os profissionais podem ser tão ou mais produtivos com o trabalho remoto. Este é o caso da Stefanini, que planeja colocar 50% de seus profissionais em home office após o fim da pandemia. A ideia é trabalhar com três modelos: um de home office total, um parcial e um de flexibilidade em relação a horários. Trata-se do projeto “Stefanini Everywhere”, que incentiva a contratação de talentos em qualquer lugar do País, mesmo que não haja escritório na cidade de origem do candidato.
“Imagine atuar em diversos desafios e projetos sem sair de sua cidade e no conforto e segurança da sua casa? O modelo de home office que estamos construindo permitirá que os novos colaboradores exerçam suas funções de onde estiverem, com a possibilidade de trabalhar em uma grande empresa”, explica Rodrigo Pádua, VP Global de Gente e Cultura do Grupo Stefanini.
Segundo o executivo, a produtividade cresceu pelo menos 10% em todas as áreas da empresa. “Houve um engajamento de todos para fazer o trabalho remoto dar certo”, afirma Pádua, ao mencionar a conquista de novos clientes durante a pandemia.
O “Digital First”, de acordo com o VP, deixa de ser uma tendência e se torna um caminho viável para treinamentos e reuniões, que antes aconteciam apenas de forma presencial por haver dúvidas sobre sua efetividade no modelo on-line. “As viagens corporativas também serão reduzidas. A pandemia mostrou que é possível viajar menos e continuar fazendo bons negócios por meio de plataformas digitais”.
O benefício dos dois mundos
No início da pandemia, a farmacêutica Zambon, responsável pela produção de medicamentos como o expectorante Fluimucil, teve de correr para colocar seus 210 funcionários das áreas administrativas e de vendas no home office. Em agosto deste ano, a empresa iniciou a implementação do trabalho híbrido – 3 dias no escritório e 2 no home office, cabendo ao colaborador escolher como será essa rotina.
De acordo com Priscila Pellegrine, diretora de RH da companhia, a decisão de operar neste modelo surgiu para aproveitar os benefícios dos dois mundos, o remoto e o presencial. “Houve um ganho de tempo com o home office, e essa flexibilidade traz bem-estar e qualidade de vida, o que tem sinergia com a nossa cultura. Por outro lado, somos uma empresa que valoriza relacionamentos. Acreditamos que manter sistemas para proporcionar interação é importantíssimo.”