Brasil ocupa a terceira posição no ranking do G20, mas tem um longo caminho para alcançar a meta de 50% de mulheres na alta liderança até 2030.
A equidade de gênero na liderança corporativa segue como um dos principais desafios para as empresas. Um estudo divulgado na cúpula do G20, com base em dados de 2021 do Banco Mundial, ONU e Unesco, revelou que o Brasil ocupa a terceira posição entre os países membros com maior participação feminina na liderança (38,8%), ficando atrás apenas da Rússia e dos Estados Unidos.
Apesar do avanço, o Brasil ainda precisa acelerar a inclusão de mulheres em cargos de alta gestão para alcançar a meta do Pacto Global da ONU, que prevê que 50% das posições de liderança sejam ocupadas por mulheres até 2030. Esse avanço vem sendo monitorado pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU, por meio do movimento “Elas Lideram”, que pretende levar mais de 11 mil mulheres para cargos estratégicos nos próximos anos.
Empresas começam a avançar na equidade de gênero
Embora muitas empresas ainda enfrentem desafios estruturais para garantir maior presença feminina na liderança, algumas organizações já estão demonstrando que atingir — e até superar — a equidade de gênero é uma meta viável e estratégica para o crescimento dos negócios.
É o caso da Allcare Gestora de Saúde, que já superou os índices nacionais, atingindo 42,9% de mulheres na alta liderança e 59,6% nos demais níveis de gestão.
“Trata-se de uma construção”, explica Vivian Spina, superintendente de Recursos Humanos da Allcare. “Sempre tivemos um grande contingente feminino e uma cultura natural de inclusão e respeito às mulheres. Nosso desafio foi transformar essa realidade em um dos pilares da gestão de pessoas, implementando políticas que reforçam e incentivam o empoderamento feminino”.
Atualmente, 72,9% do quadro total da Allcare é formado por mulheres, somando 342 colaboradoras em um total de 469 profissionais.
Liderança feminina e cultura organizacional inclusiva
Para consolidar a equidade de gênero dentro da empresa, a Allcare aposta em capacitação profissional, desenvolvimento de carreira e promoção de um ambiente de trabalho seguro e igualitário.
Uma das iniciativas mais relevantes é o Grupo de Afinidade Mulheres na Allcare, criado em agosto de 2023, que já conta com 30 participantes e promove encontros mensais sobre desenvolvimento pessoal e profissional.
“Neste ano, o próprio grupo sugeriu o tema central das discussões: autocuidado e autoconhecimento. Nosso objetivo é proporcionar um espaço seguro para reflexão e fortalecimento das participantes”, comenta Vivian. “A gestão de pessoas não deve se limitar à contratação, mas sim atuar estrategicamente nas frentes de atração, retenção e promoção de talentos, construindo uma cultura corporativa sensível à equidade de gênero”.
Equidade de gênero gera inovação e melhores resultados
Para Vivian Spina, investir em equidade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também um diferencial competitivo para as empresas.
“Está comprovado que empresas com maior diversidade de gênero têm ambientes mais inovadores, colaborativos e uma retenção de talentos significativamente maior. Além disso, negócios diversos se tornam mais aptos a entregar melhores resultados”, destaca a executiva.
A própria trajetória de Vivian na Allcare reflete essa cultura organizacional de valorização da liderança feminina.
“Fui contratada como coordenadora de Administração de Pessoal em 2018, promovida a gerente em 2020 e, em 2023, assumi a área de Recursos Humanos como gerente executiva. Há dois meses, fui promovida a superintendente de RH”, relata.
“Minha evolução foi resultado do meu esforço pessoal, mas também do fato de estar em uma empresa que realmente valoriza as mulheres e promove diversidade, inclusão e equidade”, acrescenta.
Apesar dos avanços, Vivian alerta para a necessidade de manter o debate sobre equidade de gênero em pauta, especialmente diante do cenário global, onde conquistas relacionadas à inclusão e diversidade vêm sendo ameaçadas.
“O grande desafio para as empresas é garantir que essa evolução não seja interrompida. A inclusão feminina na liderança deve ser encarada como um compromisso contínuo e essencial para o futuro do mercado de trabalho”, conclui.