Para 71% dos brasileiros, a igualdade salarial entre gêneros é vista como a medida mais importante dentre as políticas de equidade, diversidade, inclusão e pertencimento
Por Maria Luiza Nascimento – Diretora Latam de Recursos Humanos da Randstad
Há muito tempo a equidade corporativa transcende a demanda por justiça social. Implementar medidas que garantem o acesso das mulheres às mesmas oportunidades que os homens se tornou um imperativo para o crescimento econômico inclusivo e o sucesso sustentável das empresas. O Global Gender Gap 2023 destaca a participação econômica feminina e a conquista da paridade de gênero na liderança como estratégias fundamentais para superar as lacunas de equidade. Mas, surge uma indagação contínua: quem, de fato, deveria carregar a responsabilidade por impulsionar esse avanço?
De acordo com o estudo Workmonitor 2024 da Randstad Brasil, 43% dos brasileiros acreditam que a responsabilidade da agenda de equidade é exclusivamente das empresas, enquanto 30% reconhecem sua parcela nesse processo. Isso ressalta a necessidade de união e compreensão entre todas as partes envolvidas, pois apenas com o compromisso conjunto das empresas e dos colaboradores, homens e mulheres, será possível construir um futuro de trabalho mais justo, equitativo e inclusivo para todos.
O mesmo estudo revelou que, para 71% dos brasileiros, a equidade salarial entre os gêneros é considerada a iniciativa mais crucial entre as políticas de equidade, diversidade, inclusão e pertencimento, seguida pela promoção da diversidade na liderança, com 48%, e a busca por uma força de trabalho diversificada, com 41%. Por isso, por meio de sua governança corporativa, as empresas precisam assumir um papel proativo na implementação de políticas e iniciativas que promovam essa igualdade no mercado de trabalho. Isso inclui desde a adoção de medidas afirmativas no recrutamento e seleção até a implementação de políticas, benefícios direcionados às mulheres e mães, bem como a adoção de modelos flexíveis de trabalho que atendam às diversas necessidades das jornadas do público feminino.
Empresas que têm mulheres em todos os níveis da organização, principalmente na alta liderança, trazem consigo perspectivas e experiências que enriquecem ainda mais o ambiente, tornando-as mais propensas a gerar soluções inovadoras e eficazes para os desafios do dia a dia. Esse impacto promove a retenção de talentos, assim como demonstra um compromisso genuíno com a equidade, o que atrai pessoas que compartilham dos mesmos valores e ideais.
Por outro lado, profissionais, independentemente do gênero, podem e devem conscientizar-se e mobilizar-se para exigir ações concretas por parte das empresas, como o cumprimento da lei 14.611/2023, sancionada em 2023, que reforça a igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem as mesmas funções.
Nesta jornada, é essencial que continuemos a exigir mudanças significativas no ambiente de trabalho, fomentando uma cultura que valorize a equidade, a inclusão e as oportunidades para todas. Somente assim, seremos capazes de construir um futuro no qual o talento e o potencial de cada mulher serão verdadeiramente reconhecidos e realizados. Afinal, apenas um dia não é suficiente para representar a jornada completa das mulheres.