O trabalho remoto foi o caminho que muitas empresas adotaram e caiu no gosto de várias pessoas
Um artigo escrito em 1998 na McKinsey Quarterly se tornou referência e até os dias atuais continua sendo mencionado quando o assunto são profissionais talentosos: The War for Talent (“Guerra por Talentos).
A pesquisa descrita no artigo procurou investigar quais eram os desafios relacionados à temática “talentos” dentro de grandes organizações. Em linhas gerais, a conclusão foi que já naquela época havia uma “guerra por talentos” e que isto iria se intensificar.
Depois de mais de 20 anos deste estudo, nota-se que, apesar de termos, segundo o IBGE, uma taxa de desemprego de 7,9% referente ao 4º trimestre de 2022, existe uma lacuna para algumas profissões e com alguns perfis em que as empresas não conseguem encontrar profissionais para vagas que estão abertas. Realmente a busca por atrair e manter talentos se acirrou, pelo menos para algumas carreiras (por exemplo, desenvolvedores de softwares).
A pandemia de covid-19 impactou profundamente pessoas e organizações, principalmente na forma como os indivíduos trabalham. O trabalho remoto foi o caminho que muitas empresas adotaram e caiu no gosto de várias pessoas. Apesar de naquele momento (2020) ser uma das únicas opções, alterou de forma rápida como profissionais viam sua relação com o trabalho, especialmente no equilíbrio com a vida pessoal e a carreira.
Em meados de 2022 ouviu-se falar no “Quiete Quittig” e na “Grande Demissão”, movimentos que buscavam trabalhar o estritamente necessário e o desligamento de forma voluntária para evitar o burnout e resguardar a vida pessoal buscando um balanceamento entre vida e trabalho.
As empresas começaram a perceber que considerar “apenas” a remuneração e cargos já não funcionava como ponto principal de atração e retenção. Em função disso, as corporações, capitaneadas pela área de Recursos Humanos, decidiram olhar com mais atenção para a qualidade de vida e o equilíbrio com a vida pessoal como um fator de diferencial para ter pessoas talentosas em seus quadros.
Práticas como trabalho híbrido, prolongamento da licença maternidade, licença paternidade, subsídios para psicoterapia, meditação, academias de ginástica, oferecimento de creches, possibilidade de acompanhar os filhos em consultas médicas, dentre outros benefícios, se tornaram mais frequentes na oferta das empresas para seus colaboradores.
A Robert Half apresentou no seu relatório “Guia Salarial 2023” a parte “Tendências em Benefícios” e dois pontos se destacam:
- Por parte das empresas: 51% das empresas acreditam que seus benefícios ajudam na atração e retenção de talentos.
- Por parte dos funcionários: Quase 8 em cada 10 profissionais veem o trabalho remoto como um modelo de trabalho.
As empresas que identificarem os benefícios que promovem uma maior qualidade de vida para as pessoas e conseguirem criar uma cultura organizacional positiva que traga sentido e significado para o trabalho terão uma grande vantagem competitiva na atração e retenção de talentos.
Artigo do especialista em Liderança e Gestão de Carreira, Fabrício César Bastos – CEO da Flowan