Vivemos tempos de disruptura… agora para valer. Várias mudanças que há algum tempo já vinham sendo cogitadas viraram, da noite para o dia, a nova realidade. E pode ser que isso não seja ruim (ruim é o motivo que nos levou a isso). Temos agora uma excelente oportunidade para pensar e implementar, da maneira que for possível, assuntos como Home Office, semana de 4 dias, vínculos de trabalho, equidade de responsabilidade na gestão das atividades domésticas e, agora mais do que nunca, uma equipe diversa, ágil e flexível que faz toda a diferença.
Em tempos de incerteza, o modelo antigo nos remetia ao básico e os projetos mais sofisticados perdiam prioridade ficando para tempos melhores e mais estáveis. A novidade talvez seja que provavelmente não voltaremos iguais dessa experiência. Ela tem potencial para ser realmente transformadora e um sinal disso será como as empresas irão lidar com essa crise: ficar com o modelo antigo e conhecido ou aproveitar para repensar seus times já considerando que a nova realidade pede inovação e flexibilidade. O que não acontece em times pouco diversos e mergulhados nos mesmos vieses inconscientes que nos trouxeram até aqui.
Vamos ter que continuar avançando em temas como o teto de vidro, o degrau quebrado, a busca de equidade de gênero na liderança, em nossos próprios comportamentos autosabotadores e agora, mais do que nunca, administrando nossa saúde física e mental para dar conta de tudo isso. Não sabemos em quanto tempo estaremos nessa realidade. Logo, cuidarmos de nós mesmas é fundamental para podermos, como líderes, também cuidarmos de nossos times, estarmos conectadas com nossos pares e influenciar a organização na tomada de decisões nesse momento que requer razão e sensibilidade (diferenciais femininos) em total sintonia.
Em tempos de home office “obrigatório”, com os negócios mudando rapidamente devido à pandemia do Covid-19, o desafio agora é como acolher nosso time, apoiá-los com recursos tecnológicos e preparação em temas como planejamento, gerenciamento do tempo e delegação, além de desenvolver à distância as habilidades para o teletrabalho. Autoconfiança, foco, planejamento e uma boa dose de execução são competências que nos ajudarão em nossa atuação como líder, mães, filhas de idosos, companheiras, amigas etc. Nesse momento nossa rede está bastante reduzida o que é uma excelente oportunidade de nos livrarmos do perfeccionismo, um comportamento autosabotador que desafia muitas de nós há algum tempo.
A medida em que a cultura de trabalho se mistura com a vida pessoal, enquanto líderes aprendemos a olhar o outro por completo, entendendo suas angústias, dificuldades e habilidades. O momento pede muita empatia. Percebem que pode abrir uma janela para tornar a liderança mais inclusiva?
A emergência do momento pode fazer um caminho longo em busca de mudança de mindset se tornar bem mais curto. A boa notícia é que algumas empresas já começam a dar os primeiros passos nesses tempos de incerteza e arrisco dizer que terão sucesso num futuro próximo. Afinal, tudo é uma questão de timing e equilíbrio.
Mara Turolla, Gerente de Desenvolvimento de Talentos e Diversidade da Consultoria LHH