85% dos trabalhos que existirão em 2030 serão novos
Por Kathia Maria Costa Neiva, Psicóloga e parceira da Vetor Editora
Escolher a futura profissão nunca foi fácil. São inúmeras as variáveis que entram em jogo nesta escolha, que provocam muitas dúvidas, questionamentos, inseguranças. Mas, certamente, esta dificuldade tem se agravado nos últimos tempos e vale a pena analisarmos os fatores que têm contribuído para isso.
Uma questão central é o medo de “escolher errado”. Mas será que existe uma profissão “certa” para cada pessoa? Claro que não! Cada ser humano tem muitos interesses, muitas habilidades e, portanto, não existe uma única profissão em que se possa ser feliz. Em qualquer escolha, incluindo a da profissão, corremos riscos. Aceitar os riscos inerentes à uma escolha é o primeiro passo. Mas, só podemos fazer isso, se temos conhecimento suficiente de quem somos, do que queremos para nosso futuro e do que as profissões podem nos oferecer. Todas as profissões têm prós e contras, o importante é ter consciência deles e se fortalecer para enfrentar os riscos.
Outro fator importante, é que o número de profissões cresceu vertiginosamente nos últimos tempos e continuará crescendo. O estudo “Projetando 2030: uma visão dividida do futuro” encomendado pela Dell Technologies ao IFTF (Institute For The Future), estima que 85% dos trabalhos que existirão em 2030 serão novos. O impacto da tecnologia no mundo do trabalho vai gerar não só o surgimento de novas profissões, como também o desaparecimento de algumas, mas principalmente a transformações da maioria. Como pensar em escolha certa em um mundo do trabalho em constante transformação?
Outra grande preocupação dos jovens é escolher uma profissão que tenha um bom mercado de trabalho, que ofereça garantias de emprego. Muitos deles hoje vislumbram a possibilidade de empreender, de constituir suas “startups”. Mas, como ter garantias em um mundo cada vez mais globalizado, instável, com economias dependentes umas das outras? Esta instabilidade gera mudanças constantes no mercado de trabalho. Conviver com a imprevisibilidade faz parte do mundo atual.
A pandemia da COVID 19 impactou fortemente no mundo do trabalho e nas escolhas profissionais dos jovens. De acordo com dados do SEMESP, os anos de 2020 e 2021 registraram os maiores índices de evasão escolar do ensino superior privado – 37,2% e 36.6% respectivamente. Se analisarmos a evasão nos cursos EAD, as taxas são ainda maiores, chegando a 40% (Luder, 2022). Certamente, parte da evasão se deu por questões econômicas, mas o isolamento social provocado pela pandemia gerou uma forte desmotivação escolar, tanto nos universitários como nos alunos do demais níveis de ensino. Por conta da pandemia muitas profissões tiveram que se reinventar.
Mas, o que podemos fazer para ajudar nossos jovens na escolha de seus caminhos profissionais?
A Orientação Profissional é um processo que pode auxiliar uma vez que amplia o autoconhecimento, permitindo a identificação de interesses, habilidades, valores, expectativas com relação ao futuro, amplia o conhecimento da realidade profissional e educativa, e treina o processo de decisão, facilitando assim a escolha profissional de forma consciente e madura.
Este serviço é oferecido por orientadores profissionais, em geral psicólogos ou pedagogos e muitas escolas já perceberam a importância de oferecer a seus alunos esta ajuda para refletirem suas escolhas. Hoje são muitos os recursos e instrumentos que facilitam o trabalho do orientador profissional, alguns deles já disponíveis para aplicação on-line. Dois dos instrumentos de minha autoria (A Escala de Maturidade para a Escolha Profissional e o Jogo: Critérios para Escolhas Profissionais, publicados pela Vetor Editora), já estão disponíveis on-line e têm facilitado muito o trabalho de meus colegas orientadores profissionais. Oferecer aos nossos jovens a oportunidade de refletirem sobre suas escolhas profissionais é dever de nossa sociedade.