A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou, na última quinta-feira (16/12), o uso da vacina da farmacêutica Pfizer em crianças de 5 a 11 anos. “O anúncio é recebido com muito alívio; os casos de COVID-19 são frequentemente detectados nessa faixa de idade escolar e pré-escolar. Com isso, nós conseguimos aumentar nossa barreira de proteção”, explica a especialista em epidemiologia e coordenadora do Centro de Vacinas do Hospital Pequeno Príncipe, Heloisa Ilhe Garcia Giamberardino.
O Brasil já registrou mais de 1,5 mil óbitos entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos. “A maior parte dessas mortes ocorre na população pediátrica com comorbidades, mas também temos casos em que não há nenhum fator de risco”, pontua a médica.
Só em 2021, de janeiro a novembro, o Pequeno Príncipe, maior hospital exclusivamente pediátrico do país, atendeu 1.274 crianças e adolescentes com diagnóstico positivo para COVID-19, um aumento significativo considerando os 311 registrados no ano passado.
Além disso, a gravidade dos casos também aumentou. Enquanto em 2020 a média mensal de internamentos foi de nove pacientes. Neste ano, a média ficou em 21 casos por mês. Do total de casos diagnosticados, 241 pacientes – quase 20% – necessitaram de internamento, sendo que 60 foram para a UTI. E 47% das crianças e adolescentes que internaram não tinham nenhuma comorbidade. O número de casos no público infantil e adolescente passou a cair consideravelmente, sobretudo graças à vacinação dos adultos.
O imunizante que vai ser aplicado na faixa etária infantil é diferente da versão para adolescentes e adultos. As crianças de 5 a 11 anos receberão uma dosagem de 10 microgramas. Para quem tem 12 anos ou mais, a dose é de 30 microgramas. “É muito importante que os pais se planejem e preparem as crianças: expliquem para elas porque elas precisam tomar a vacina e que isso vai ajudá-la a não correr o risco de ter a doença e sofrer com isso”, diz Heloísa.
A epidemiologista reforça também que, apesar do anúncio da vacinação, manter as medidas de cuidado já amplamente conhecidas é imprescindível. “Usar máscara, higienizar as mãos e evitar aglomerações são atitudes que ainda não podem ser deixadas de lado, apesar da queda no número de casos. E, tomar a segunda e a terceira dose, para quem já está apto a isso, também é fundamental. Esse público é responsável pela proteção de quem ainda não foi imunizado”, alerta a médica.
Recomendações
Apesar de ainda não ter previsão para o início da vacinação para o público infantil, a Anvisa já divulgou uma série de orientações para aplicar a vacina em crianças de 5 a 11 anos. Abaixo, confira algumas delas:
– As equipes de saúde vão passar por treinamento para aplicar o imunizante;
– As crianças devem ser vacinadas em ambiente específico destinado a elas e não podem receber outras vacinas, mesmo que pediátricas;
– Em comunidades isoladas, as crianças devem ser vacinadas, sempre que possível, em dias diferentes de adultos;
– Após a vacina, as crianças devem permanecer no local por pelo menos 20 minutos, para observação.