No livro “O jeito de ser Magalu”, o consultor e palestrante César Souza mostra quais estratégias transformaram a gigante do varejo nacional na empresa que mais investe em startups na América Latina
A brasileira Magazine Luiza é a empresa que mais investiu em startups na América Latina, de acordo com um relatório da Sling Hub, plataforma de inteligência de dados em inovação. De acordo com César Souza – consultor empresarial, co-fundador e presidente do Grupo Empreenda®️, palestrante e autor de vários Best-sellers na categoria negócios, entre eles “O jeito de ser Magalu” (Editora Rocco) -, esse tipo de investimento é uma forma das grandes empresas capturarem o que existe de mais inovador no mercado, alem de exponencializar suas receitas e fonte de lucros.
Cada vez mais, iniciativas do tipo tomam conta do mercado, uma vez que se as grandes companhias optassem em inovar por conta própria, levariam muito mais tempo e despenderiam muito mais recursos financeiros. Além disso dessa forma evitam a recorrente disputa por budget, tempo, recursos e a tradicional briga entre bater as metas de curto prazo versus os potenciais resultados do médio-longo prazos. O relatório da Sling Hub, que reúne dados de 24.409 startups e 656 investidores em países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai reforça essa tendência. Além do Magalu, a argentina Mercado Livre, ao lado de outras sete companhias brasileiras, como B2W (Americanas), Locaweb e Méliuz, também estão na lista das empresas que mais adquiriram startups.
“Estratégias de inovação aberta, de Corporate Venture Capital (CVC), são as que mais crescem no mundo dos negócios. Ao absorver startups, as empresas absorvem inovação. Empresas tradicionais acabam desaparecendo ao longo do tempo por falta dessas ideias, por isso a importância da iniciativa”, explica Souza.
Segundo o consultor, principalmente as grandes redes de varejo não vão conseguir crescer no cenário atual sem investir em startups. “A escolha pelo Corporate Venture já trouxe impacto considerável há pelo menos dois anos para quem utiliza essa estratégia. E vai impactar ainda mais”, informa.
Investir em startups tem gerado lucros extraordinários para aqueles que, assim como o Magalu, estão se antecipando e chegando nas startups mais promissoras do mercado antes que elas sejam listadas na bolsa de valores. Com 25 empresas adquiridas e resultados altamente lucrativos, o Magalu sai na frente ao utilizar a estratégia de Corporate Venture aliada ao plano de criar um “superapp”, isto é, um aplicativo que concentra serviços de diversos setores.
Uma das últimas compras anunciada pela empresa foi a maior de sua história: o site de games e tecnologia Kabum!, por R$ 1 bilhão em recursos financeiros mais outros valores em transferência de ações do Magazine Luiza. Vale ressaltar que as vendas do e-commerce do Magalu só não têm avançado mais devido a situação causada pela inflação e juros altos dos últimos meses.
Este movimento ocorre também no cenário econômico global, no qual os investimentos de capital de risco corporativos já se aproximam de US$ 80 bilhões só este ano. Para Souza, a inovação não vai ocorrer mais dentro das empresas. Criar um departamento interno de inovação acaba não funcionando justamente porque envolve metas, orçamentos e competições. A solução, segundo ele, vem de fora, criando “Innovation Hubs” , que não ficam sufocadas dentro das grandes empresas.
Com base nessa premissa, nos últimos anos, a Empreenda, sob a liderança de Souza, ajudou cinco grandes empresas em diferentes negócios — ambiental, siderurgia, infraestrutura, tecnologia e serviços — a estruturarem e implantarem seus “Innovation Hubs”. Souza revela que tem atuado como verdadeiro construtor de pontes entre esses dois mundos— o das empresas tradicionais e o planeta das startups.
“Vários ícones do mundo empresarial brasileiro tombaram sob o peso das mesmas estratégias que as levaram ao sucesso. Não souberam se reinventar. Em diversas situações, os líderes empresariais viram as mudanças chegando e responderam rapidamente — ao contrário do que diz o senso comum. O problema é que as respostas apenas reforçaram o que deu certo no passado, repetindo velhas fórmulas de sucesso que já não servem mais”, revela o consultor.
No cenário atual, Souza afirma que as empresas de sucesso serão aquelas que evoluírem da posição tradicional de sustentar algumas vantagens duradouras para o movimento constante de criar outras temporárias. Não se disputa mais apenas fatia de mercado e preferência de clientes. A nova fronteira, para ele, está no conjunto de diferenciais, a competência diferenciadora agora é algo intangível: a cultura da empresa. “A inovação não pode ser vista como projeto, mas sim como pilar. Cultura de inovação deve estar em todas as áreas da empresa. E a construção dessas pontes entre as grandes empresas e as start-ups ao invés de competir, só reforça isso”, finaliza.