Para especialista, estabelecer conexão entre valores das companhias e dos públicos é um dos caminhos para engajar e obter bons resultados para atravessar a crise
A primeira Pesquisa Nacional de Engajamento nas Empresas, realizada pela consultoria de engajamento Santo Caos entre setembro e dezembro de 2015 com 150 companhias, sendo 54 delas do time das 58 empresas de capital aberto listadas no Ibovespa, verificou que 93% das grandes organizações brasileiras consideram o engajamento de funcionários e demais públicos uma prioridade para seus negócios. O estudo, porém, mostra que 95% delas consideram desafiador engajar pessoas e, de acordo com Daniel Santa Cruz, sócio-diretor da Santo Caos, esse dado é preocupante porque as organizações poderiam atravessar melhor a crise atual do País se tivessem um alto nível de engajamento. “As empresas não sabem exatamente como promover o engajamento e precisam fazê-lo de forma urgente, pois em um panorama de crise, com demissões em massa e queda nos resultados, manter os colaboradores engajados, fidelizar clientes e criar embaixadores da marca são desafios centrais para líderes corporativos”, afirma.
O levantamento revela também que o engajamento ainda é visto como uma atribuição exclusiva do RH: 83% das empresas afirmam que realizam ações com essa finalidade e os exemplos mais citados foram campanhas de reconhecimento e incentivo, eventos de integração, reuniões e feedbacks. “Ações como essas são importantes, mas são apenas parte de uma estratégia de engajamento”, afirma A visão de que o RH é responsável pelo engajamento nas empresas aparece na importância atribuída pelos participantes do estudo a cada público em relação ao tema: colaboradores em geral (26%) e gestores (23%) aparecem no topo da lista de prioridades, enquanto consumidores (22%), fornecedores (15%) e outros stakeholders externos ficam em segundo plano como foco de atenção para as ações de engajamento. “As iniciativas raramente envolvem outras áreas da empresa e são mais pontuais do que estratégicas, não considerando o público externo como alguém que precisa ser engajado. Muito pouco é feito para estimular o pertencimento, ou para criar fãs da marca que compartilhem seus valores”, avalia.
Segundo o executivo, mesmo com os desafios para engajar apontados na pesquisa – conscientização dos líderes (28%), falta de recursos (25%), falta de apoio interno (24%) e falta de conhecimento sobre o público (22%) – , há maneiras possíveis de mudar esse quadro. “Para engajar pessoas, o primeiro passo é compreender de que forma os valores da empresa são absorvidos pelos públicos e como eles se conectam com ela. O processo deve começar pelo CEO até chegar aos demais níveis da empresa para, a partir daí, traçar estratégias para conseguir o compromisso, estimular o pertencimento, gerar o orgulho e criar embaixadores internos e externos da marca”, completa o especialista.