Quando falamos de evolução cultural de uma organização, estamos ainda falando sobre pessoas, também conhecidas como o ativo mais valioso de uma empresa
Os seres humanos possuem como grande diferencial a capacidade de contar histórias, transmitindo entre gerações as experiências vividas por cada um. Por meio delas, criamos uma rede de valores, linguagens, regras, comportamentos, entre muitos outros aspectos que caracterizam uma cultura. Enquanto nossas histórias moldam culturas, essas, por sua vez, também nos mudam. Dessa forma, uma série de experiências e a transmissão delas permitem o processo que chamamos de evolução cultural.
No ambiente corporativo, esse cenário é ainda mais dinâmico. As organizações carregam consigo as histórias humanas por trás delas, mas também são impactadas pela movimentação do mercado, mudança de comportamento dos consumidores, surgimento de novas tecnologias etc. Somado a isso, ainda há o ponto crucial de sobrevivência de qualquer empresa: a identidade corporativa. Estar atenta às movimentações dentro e fora da companhia, saber agir rapidamente para se mostrar atualizada, e garantir que a identidade não se perca neste processo, não é uma tarefa fácil, mas é de extrema importância para garantir a competitividade e sustentabilidade do negócio.
Olhando para companhias com grandes bagagens históricas, que nasceram há quase 100 anos, esse desafio é ainda mais complexo e necessário. O contexto ao redor delas no período em que foram criadas se modificou drasticamente, principalmente nos últimos anos, em que a rapidez do avanço tecnológico tem se superado a cada instante. Diante disso, é mais que fundamental rever a cultura dessas empresas, para manter o ambiente interno alinhado ao que acontece do lado de fora e, então, assegurar que as pessoas ao redor permaneçam motivadas a trabalhar, comprar e se aliar a elas.
No entanto, quando falamos de evolução cultural de uma organização, estamos ainda falando sobre pessoas, também conhecidas como o ativo mais valioso de uma empresa. Tendo em vista que a mudança irá impactá-las diretamente, é preciso identificar os melhores artifícios para engajá-las neste momento. E para isso, tornar o processo mais natural e cativá-las emocionalmente por meio de uma narrativa que as inspire é o melhor caminho a seguir, ou seja, mostrando de que forma elas serão beneficiadas, e envolvendo-as como participantes ativas da mudança.
Quando se trata de um número muito expressivo de funcionários, é preciso criar um programa ordenado, com fases para a inserção da nova cultura, metas e divisão de tarefas. O primeiro passo é determinar os atributos da marca que guiarão essa cultura, os quais devem estar diretamente ligados à identidade da companhia e objetivo que a mudança quer atingir, seja tornar a empresa mais ágil, inovadora, servir melhor seus clientes, ou qualquer outro propósito.
A partir daí, para que os novos atributos sejam adequadamente absorvidos pelos integrantes da empresa, é necessário estipular os comportamentos que irão representar, na prática, o que estes querem dizer. Para essa fase, criar símbolos, processos e sistemas relacionados aos atributos pode ajudar a tangibilizar a cultura que se quer adotar.
O terceiro passo é atribuir atividades que estimulem a adoção destes comportamentos no dia a dia, até que eles se tornem intrínsecos na organização. As atividades deverão ter um cronograma de entrega e metas a serem atingidas, sempre reforçando a importância da participação de cada um para manter os times engajados. Uma forma de garantir o compromisso dos envolvidos, é incluir as atividades nos indicadores de desempenho de cada um, mostrando a relevância delas para a empresa.
Por fim, para que o programa seja realmente efetivo, o comprometimento da liderança é imprescindível, já que são eles que “comandam o barco” no dia a dia e, portanto, influenciam o comportamento do time, principalmente trabalhando em conjunto e atuando como role model (modelo de conduta). Além disso, o cuidado com o desenvolvimento e capacitação de todos deve ser uma constante durante o processo de evolução de uma cultura, para garantir a eficácia da mudança.
Dessa forma, empresas e pessoas conquistam juntas a evolução da cultura organizacional, por meio de nossa capacidade de contar histórias e passá-las adiante. E esse trabalho, garante às empresas o potencial de se manterem sempre ágeis, perenes e inovadoras, além de servir melhor seus clientes e preservar um bom clima internamente, transmitindo confiança independentemente de quando nasceram.
Por Eliane Melgaço, Vice-Presidente de Gente do Grupo Algar