Desalinhamento entre competências e exigências do mercado desafia recrutadores e reforça a urgência de estratégias em reskilling e upskilling nas empresas.
O mercado de trabalho em 2025 será marcado por um ritmo acelerado de transformações, exigindo mais do que nunca que os profissionais de RH e líderes de Departamento Pessoal se reinventem. De um lado, cresce o número de profissionais em busca de novas oportunidades; de outro, persistem as dificuldades nas contratações — e o motivo principal é o descompasso entre as habilidades disponíveis e as competências exigidas pelas empresas.
Segundo dados recentes do LinkedIn, quase 60% dos profissionais pretendem buscar um novo emprego este ano. Apesar disso, 40% relatam não obter nenhum retorno, mesmo com aumento no número de candidaturas. A explicação? Falta de compatibilidade entre as qualificações dos candidatos e o que o mercado realmente precisa.
A nova realidade das habilidades: um desafio para o RH
A transformação digital e o avanço da inteligência artificial (IA) estão redesenhando o perfil do trabalhador ideal. De acordo com o relatório Skills on the Rise, até 2030 cerca de 70% das habilidades que usamos hoje serão diferentes. Nesse cenário, caberá ao RH liderar a adaptação e o desenvolvimento de equipes mais preparadas e flexíveis.
As habilidades mais valorizadas já refletem essa transição:
Alfabetização em IA
Otimização de processos
Pensamento inovador
Gestão de conflitos
Adaptabilidade
As soft skills também ganham ainda mais relevância, principalmente diante dos desafios dos ambientes híbridos, onde o isolamento e a falta de conexão emocional exigem empatia, escuta ativa e inteligência emocional.
Segundo o Future of Jobs Report 2025, do Fórum Econômico Mundial, competências como resiliência, pensamento crítico e flexibilidade serão indispensáveis mesmo em funções altamente automatizadas. A previsão é que 59% da força de trabalho global precisará passar por programas de capacitação até 2030 — o que exige ação estratégica imediata dos setores de RH.
O papel do RH estratégico na formação de talentos
Para Marcello Amaro, CHRO da Portão 3 (P3), a velocidade com que as tecnologias evoluem cria um grande descompasso entre demanda e oferta de talentos.
“Mais do que dominar ferramentas, o profissional do futuro precisa ser adaptável, saber resolver problemas complexos e ter inteligência emocional para navegar em ambientes de constante mudança”, afirma.
A responsabilidade de guiar essa transformação está nas mãos do RH. As estratégias de recrutamento, retenção e desenvolvimento de talentos devem incluir:
Programas robustos de reskilling e upskilling
Parcerias com instituições de ensino e edtechs
Investimento em educação corporativa contínua
Criação de trilhas de aprendizado personalizadas por perfil
Mapeamento de competências internas e externas
Habilidades mais demandadas no Brasil em 2025
De acordo com o LinkedIn, as hard skills mais procuradas no Brasil incluem:
Inteligência artificial
Comunicação eficaz
Liderança estratégica
Retenção de clientes
Política comercial
Ao mesmo tempo, ganham espaço competências ligadas à eficiência e inovação organizacional, como:
Resolução colaborativa de problemas
Análise de dados
Desenvolvimento organizacional
Automação de processos
Esses dados indicam que o profissional que une tecnologia, estratégia e habilidades humanas será o diferencial para as empresas.
Adaptação não é mais diferencial — é sobrevivência corporativa
Para o RH, o desafio vai além da contratação. É preciso identificar os gaps de habilidades, criar planos de ação sob medida e fomentar uma cultura de aprendizado contínuo. Em um mercado cada vez mais competitivo e dinâmico, adaptar-se deixou de ser uma vantagem estratégica para se tornar uma condição de sobrevivência.