Momentos decisivos são oportunidades que podem ser aproveitadas para se conhecer pessoas, gerar negócios, e aprender coisas novas.
Conversa de feedback é uma dessas oportunidades. Se mal conduzidas, essas conversas podem trazer rompimentos, mágoas e ressentimentos. Se bem planejadas, se torna um presente. Têm tudo para ser uma grande fonte de aprendizagem e, por consequência, de desenvolvimento pessoal, tanto para quem dá quanto para quem recebe.
A SOAP, consultoria de comunicação especializada em soluções para apresentações profissionais, selecionou três dicas de comunicação para cada uma das partes envolvidas no feedback:
Para quem se dá o feedback
1) Não ache, sinta.
Feedbacks que já começam com um “acho que você…” seguido de adjetivo tendem a não terminar bem. Se uma pessoa está sendo irresponsável, descomprometida, ineficiente, isso sempre será uma percepção e nunca um fato.
Mas trocar a palavra “acho” por “percebo” também não resolve o problema, pois, no fundo, ao adjetivarmos as atitudes das pessoas, estamos emitindo julgamentos.
Muitas vezes, sem nos darmos conta, nossa mente emite rapidamente um julgamento sobre algo que vê, até como um mecanismo de organização e classificação das coisas à nossa volta.
No entanto, como diz o psicólogo PhD americano Marshall Rosemberg, para uma comunicação empática, devemos buscar silenciar esse julgamento interno para nos concentrarmos primeiramente em escutar, observar e entender as reais necessidades do outro.
Mas se no feedback é você quem começa a falar, fale do que já observou e então…
2) Traga exemplos
Comente sobre fatos, coisas objetivas. Muito diferente de dizer que a pessoa anda se atrasando muito, por exemplo, é colocar que nos três últimos dias, você observou que ela chegou 30 minutos depois do horário combinado.
Por isso, importante praticar essa atenção no dia a dia. De nada adianta querer ter uma boa conversa de feedback se você não fez a lição de casa de observar bem o comportamento da pessoa antes da conversa.
Mas na correria em que vivemos, é tão fácil esquecer o que observamos, não é? Então, anote! É importante trazer percepções de outras pessoas, mas, antes de tudo, você precisa ter como base a sua observação.
Colocado seu ponto de vista, agora é preciso que você…
3) Sente na cadeira do outro
É nesse momento que você coloca em prática a comunicação empática que falamos acima, partindo de uma escuta atenta que o possibilite reconhecer as necessidades e sentimentos do outro.
Em uma conversa difícil como um feedback, sempre há a possibilidade de expressão de raiva por parte daquele que recebe o feedback. Ao invés de demonstrar culpa pedindo perdão, dizendo “que tolo eu fui, deveria ter sido mais sensível”, procure virar o foco para aquilo que a pessoa necessita e nos pede ao expressar aquela raiva. Por exemplo: “quando diz que sou rígido, imagino que queira mais flexibilidade em seus horários de chegada, é isso?”
Para quem recebe o feedback
1) Sinta! Mesmo!
Em nossa sociedade, sentimentos muitas vezes são entendidos como sinônimo de fraqueza. O resultado é que acabamos conhecendo pouco sobre eles, o que faz nosso repertório se reduzir a expressões como “sinto um troço no peito” ou “sinto como se você me odiasse”.
Nos dois casos não há nenhuma descrição efetiva de sentimento. No primeiro, falamos de uma sensação física inespecífica e no segundo falamos de um pensamento seguido de um julgamento sobre o outro.
Talvez fosse mais exato falar em “me sinto angustiado” ou “me sinto triste quando você fala sobre meus constantes atrasos”.
Por isso, é importante consultar aquilo que sente de verdade quando recebe o feedback. Se não há clareza no momento, coloque isso de forma honesta a seu interlocutor e peça um tempo (não muito) para elaborar o que sente e trazer um retorno, sem julgamentos e expressões de culpa.
Tendo isso elaborado…
2) Pergunte
Procure entender verdadeiramente que pedidos há por trás daquele feedback recebido: “que horário exatamente você precisa que eu chegue?”
Traga esses pedidos à consciência e os registre de forma específica: “você precisa que eu chegue sempre no máximo até 10 minutos antes do horário marcado da reunião, é isso?”
A partir daí, trace os acordos, diga se está tudo bem mesmo ou se há ressalvas e impedimentos. Formalize esses acordos. Um e-mail de alinhamento pós-feedback é bem-vindo e se partir de uma iniciativa sua, melhor ainda.
3) Sente na cadeira do outro
A empatia é um exercício de conexão que parte das duas pessoas envolvidas na conversa. Envolve mais ouvir do que falar. Se você está na posição de receber o feedback, tem uma grande oportunidade de entender muito sobre essa pessoa com quem trabalha, seu estilo e, principalmente, suas necessidades.
Pratique a escuta atenta, evite julgamentos precipitados e pratique a comunicação empática que, se bem desenvolvida, fara as próximas conversas de feedback serem, como diz Rosenberg, “oportunidades de enriquecer a vida de alguém. ”