Empresas que alcançam altas pontuações em engajamento dos funcionários conseguem um retorno total aos acionistas (TRS) até três vezes superior.
Por Bruno Gonçalves, Head de experiências no Hopi Hari
Para quem trabalha parece mais um clichê corporativo e talvez digam: “era só o que me faltava! Agora querem que além de tudo eu seja feliz trabalhando”. Para as empresas pode parecer que não é um problema em que deveriam se meter. Mas a verdade é que esse é um problema, ou uma solução, dos dois lados dessa equação. O que empresas e funcionários precisam entender é que a vida acontece das 8h às 18h e pensar na felicidade das pessoas resulta em mais qualidade de vida para quem trabalha e mais dinheiro no bolso das empresas.
De acordo com o Estudo Global da Willis Towers Watson (2022), 60% dos funcionários globalmente se sentem emocionalmente esgotados, enquanto 32% relatam a intenção de deixar seus empregos nos próximos dois anos. Esses números alarmantes evidenciam a necessidade urgente de repensar a forma como as organizações abordam o bem-estar dos colaboradores.
Uma pesquisa da McKinsey & Company (2021) revelou que empresas com alta pontuação em engajamento dos funcionários obtiveram um retorno total para acionistas (TRS) três vezes maior. Além disso, a cultura de pertencimento foi identificada como um dos principais impulsionadores da felicidade e do engajamento. Portanto, promover um ambiente inclusivo e acolhedor é fundamental para o sucesso a longo prazo.
A relação entre felicidade e produtividade também é inegável. Um estudo da Universidade de Warwick (2017) constatou que funcionários felizes são 12% mais produtivos. Além disso, empresas que priorizam o bem-estar de seus colaboradores têm uma rotatividade 31% menor, o que resulta em economia de recursos e conhecimento. Esses dados ressaltam a importância de investir em programas de qualidade de vida e em uma cultura organizacional que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
A Gallup (2022) revelou que apenas 35% dos funcionários nos EUA estão engajados no trabalho, enquanto o custo do desestímulo é estimado em US$450-550 bilhões anualmente. Esses números são um alerta para as empresas, que precisam priorizar a satisfação e o desenvolvimento de seus colaboradores para evitar prejuízos financeiros e de reputação.
No entanto, a felicidade no trabalho vai além de benefícios e salários competitivos. Um estudo da Universidade de Oxford (2015) mostrou que o trabalho significativo é um dos principais fatores de felicidade no ambiente profissional. Oferecer autonomia, oportunidades de crescimento e um senso de propósito são estratégias eficazes para promover o bem-estar dos colaboradores e, consequentemente, impulsionar a inovação e a excelência.
Como palestrante e especialista em experiência do cliente e do colaborador, tive a oportunidade de compartilhar minha visão sobre a felicidade no trabalho em palestras e eventos corporativos, principalmente com a palestra “Gente Feliz dá lucro … e não enche o saco” em empresas como Natura, Samsung, Twitter, BRF, Volkswagen Blue Tree Hotels e outros eventos. Durante essas experiências, ficou ainda mais evidente que as empresas que investem na felicidade de seus colaboradores colhem benefícios tanto em termos de resultados financeiros quanto de clima organizacional.
Os dados não mentem e a vivência nas empresas também reforça que pensar na felicidade do colaborador é pensar na lucratividade das organizações. Que não seja por bondade, que seja por ganância, a felicidade ainda é o maior motivador de qualquer pessoa em qualquer lugar. Ao promover um ambiente saudável, inclusivo e estimulante, as organizações não apenas impulsionam a produtividade e a inovação, mas também contribuem para o bem-estar e a qualidade de vida de seus colaboradores. A felicidade no trabalho não é um luxo, mas sim um pilar fundamental para o sucesso sustentável das empresas e para a construção de um mundo corporativo mais humano e equilibrado.