O número de colaboradores com transtornos é alto
Kátia de Boer – Diretora Comercial da SAFE CARE, consultoria especializada na área de benefícios de saúde e CEO da SAFE GROUP
Durante muito tempo, as pessoas eram cobradas para terem alguma ocupação ou até mesmo se esforçarem para conseguir uma atividade que complementasse a renda familiar, pois era considerado por muitos que o trabalho trazia consigo, às vezes até em excesso, a felicidade, o senso de realização e de se sentir útil e produtivo. No entanto, tem sido observado que não basta estar profissionalmente ativo: é crucial que o trabalhador tenha qualidade de vida durante a execução de seu ofício, que se sinta pleno, reconhecido em suas competências e necessidades e que esteja em um ambiente emocionalmente saudável. Sabemos que a felicidade é uma construção, e no mundo corporativo, é um ativo cada vez mais valorizado e buscado por líderes que compreendem que produtividade e felicidade caminham juntas.
Aqui na Safe Care, apostamos na força do bem-estar como motor de crescimento das empresas e como forma de apoio à saúde mental do colaborador. Os índices de suicídios no Brasil são alarmantes; ocorre um suicídio a cada 45 minutos, e nas empresas a situação não é diferente. É vital se preocupar em criar ambientes menos tóxicos, mais acolhedores, e que promovam prevenção e acolhimento para frear este aumento inaceitável de burnout, outros transtornos de saúde mental e o suicídio. As pessoas estão adoecendo, colocando o Brasil em uma posição desconfortável. Segundo dados da OMS – Organização Mundial da Saúde – estamos em 1º lugar no ranking de depressão e ansiedade da América Latina, com quase 19 milhões de pessoas nestas condições.
Iniciativas como a que foi abordada na 19ª edição do “HR First Class” – um dos maiores eventos de RH do Brasil, do qual somos patrocinadores oficiais – e que aconteceu recentemente em São Paulo, são essenciais para a mudança do mindset das lideranças. Há uma necessidade urgente de colocar o ser humano no centro das empresas e entender a importância na promoção da saúde nas empresas, não apenas a saúde física, mas a integral, considerando a saúde emocional e psíquica dos trabalhadores. Surge, diante deste cenário, uma das funções que deve ser inserida no organograma de empresas de todos os portes: o Diretor da Felicidade. Este profissional é responsável por orquestrar os caminhos que a ciência da felicidade oferece aos trabalhadores, promovendo escuta ativa, um ambiente psicologicamente seguro, troca de ideias de forma aberta e uma liderança acolhedora.
Dados da pesquisa apresentada pelo HR First Class e direcionada a lideranças de RH e C-Levels mostraram que 42,3% desses entrevistados ainda não estão alinhados com a Ciência da Felicidade nas corporações onde atuam. Observa-se o gap que separa a necessidade da realidade, e como são necessários eventos, workshops, estudos, pesquisas e uma gama ainda maior de informações para o despertar neste tema urgente junto às empresas.
Adotar uma área ou um departamento estruturado para cuidar da felicidade corporativa e desenvolver essa jornada reduz consideravelmente os riscos de os colaboradores desenvolverem transtornos mentais relacionados ao esgotamento profissional, trazendo resultados positivos para as pessoas e para as empresas, pois colaboradores felizes trabalham melhor e são mais produtivos.
Não se pode mais conceber empresas que visem apenas lucro, produtividade e crescimento, desconsiderando a valorização do ser humano. Pensar assim é regredir em um processo evolutivo e irreversível. É ser conivente com um cenário que precisa ser transformado. O futuro do trabalho é este: a sintonia entre saúde, felicidade e produtividade.