Augusto Neves é Diretor de Gente e Gestão da Serede – Rede Conecta, empresa do Grupo Oi
Discutir o conceito de felicidade é sempre uma tarefa bastante complexa. Afinal, não há como fugir da relatividade do tema, que é natural a cada um de nós, sem distinções. No entanto, dentro do contexto corporativo, alguns tópicos mostram-se decisivos para um melhor entendimento sobre o assunto, em prol de práticas favoráveis à produtividade e realização individual e coletiva. Ser feliz com sua profissão, sem dúvidas, é um objetivo compartilhado por todos, e isso implica em considerarmos questões circunstanciais, bem como características dinâmicas; nenhuma organização é similar à outra.
Isso posto, nosso ponto de reflexão se apoia, inicialmente, na concepção que o ser humano costuma aplicar à felicidade. Alta remuneração, reconhecimentos constantes, o sucesso em sua mais pura essência, são elementos que, de certo, demonstram-se positivos, mas não garantem uma vida profissional verdadeiramente satisfatória. É preciso ir além de componentes tangíveis, para que possamos centralizar nossos esforços em aspectos que resultem em uma produtividade genuína, como o clima organizacional e a liderança estabelecida.
Desmistificando a realização pessoal
Ao contrário do que se imagina, a felicidade não é um objetivo estático. Buscá-la como uma finalidade máxima, preso (a) à uma linha de comportamento, pode ser o grande erro por trás de um cotidiano indiferente. Em contrapartida, ter propósitos bem identificados, alinhados com valores que reflitam em hábitos positivos no dia a dia operacional, é uma iniciativa extremamente bem-vinda.
Não há como desconsiderar o fato de que os colaboradores, assim como o próprio mercado, estão sujeitos a mudanças e novos escopos de trabalho que visam o aprimoramento coletivo. Talvez, olhando para o futuro, adaptação seja um requisito obrigatório e imprescindível à satisfação profissional. De uma forma ou de outra, a felicidade também se relaciona com esse dinamismo, e conversa com um senso de coletividade indispensável. Hoje, mais do que nunca, demanda-se atitudes colaborativas, somadas à mentalidade de que todos possuem valor para que projetos, métodos e ações provoquem os efeitos desejados. Em uma empresa com esse nível de maturidade estratégica na gestão de pessoas, ser feliz pode se tornar um ato consequencial, isto é, estimulado entre os envolvidos em operações cotidianas.
Adversidades são inevitáveis: como lidar com elas?
O mundo corporativo é repleto de desafios, alguns esperados, previstos em planejamentos criados com antecedência; e outros inesperados, originados por questões externas que fogem do controle de cada organização. É unanimidade que obstáculos surgirão, demandando um grau de resposta elevado por conta dos profissionais. Nesse sentido, não há como desconectar a autonomia e a tranquilidade de se conduzir situações adversas com o estágio de satisfação pessoal no ambiente de trabalho.
Ao nos depararmos com problemas, é natural que emoções dominem nossos instintos, dificultando a obtenção de uma visão clara e realista sobre os próximos passos. Vale destacar que não há nada de errado em demonstrar comportamentos fundamentalmente humanos, pelo contrário, essa sensibilidade – que nos é única – traz um ponto de vista que pode ser traduzido em ações impactantes, especialmente sobre o bem-estar e engajamento de colaboradores.
Cultivar princípios de autonomia, com capacidade criativa e respeito à participação alheia, sempre sob a premissa de que ninguém deve solucionar problemas extensos sozinho (a), é um discernimento fundamental e que resulta em uma cultura interna muito mais harmoniosa; logo, a chance de crises serem superadas é maior.
Construir relacionamentos é cultivar felicidade
Não estamos sozinhos nessa procura incessante pela felicidade, isso é fato. Adotar uma postura individualista, independentemente de reconhecimentos frequentes, é fechar os horizontes para oportunidades transformadoras. O sucesso coletivo é o sucesso da empresa, de cada um dos que contribuíram para que novas conquistas fossem alcançadas.
Portanto, para concluir o artigo, proponho uma reflexão acerca dos relacionamentos que construímos durante essas jornadas. Deixando estigmas para trás, o desempenho empresarial só é completo se identificado em todas as instâncias, de modo inclusivo e democrático.
Felicidade no trabalho é um assunto estratégico, ainda mais sob a ótica de gestores e lideranças. Para os profissionais, sempre em sinergia com suas vidas particulares, ser feliz é um exercício diário de priorizar o que merece ser priorizado, com ações conscientes e que incentivem a criação de uma atmosfera positiva e humanizada.