Conheça boas práticas de países como Dinamarca, Finlândia e Holanda e descubra como a nova NR-1 pode transformar o bem-estar, a saúde mental e a felicidade no ambiente corporativo brasileiro.
Marinildes Queiroz – Head de Pessoas e Cultura Organizacional da Up Brasil
Somente em agosto de 2024 o Brasil passou a considerar como prioridade a saúde psicológica no ambiente de trabalho. Antes da mudança trazida pela NR-1, não havia, de fato, uma norma que classificasse o risco ocupacional, deixando para as companhias a responsabilidade de definir o que é seguro para o colaborador — o que abria margem para descuidos ou possíveis falhas nesse tratamento. Segundo pesquisa realizada pela InfoJobs, 86% dos funcionários consideram a saúde mental um fator determinante para decidir trocar de empresa, o que reforça a relevância do tema.
Enquanto isso, outros países estão mais avançados nessa pauta. A Dinamarca, que está entre as nações que melhor equilibram vida pessoal e profissional, tem como diretriz a confiança nos trabalhadores. A Finlândia, também bem colocada nesse ranking, adota a filosofia de work-life balance, na qual o trabalho faz parte da vida, mas não é sua prioridade. Já a Holanda, conhecida por sua cultura de produtividade sustentável, mostra que jornadas mais curtas podem aumentar a eficiência e o bem-estar.
No Brasil, a nova NR-1 passará a obrigar as empresas a mapear fatores que possam representar riscos psicossociais em suas estruturas organizacionais e a gerenciar soluções que melhorem o ambiente de trabalho. A partir dessa diretriz, o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) deverá implementar planos de ação mais abrangentes, considerando questões como assédio e violência no trabalho. No entanto, vale destacar que, para garantir o cumprimento da norma, a alta gestão precisa acompanhar de perto as estratégias das áreas de Comunicação Interna, RH e T&D.
O relatório The Happiness Index, elaborado com base em dados de 23 mil funcionários de empresas situadas no Brasil, revelou que o índice nacional de felicidade é de 7,3, contra 7,6 da média global. A pesquisa dialoga com uma realidade preocupante: muitos trabalhadores não se sentem valorizados como indivíduos nem reconhecidos por suas conquistas — aspectos centrais na discussão sobre saúde mental, já que esses sentimentos podem levar ao burnout, à ansiedade e ao estresse. Portanto, é essencial que as companhias desenvolvam políticas bem estruturadas, como horários flexíveis e incentivos ao bem-estar, que impactem diretamente na satisfação dos colaboradores.
Entretanto, mudar a cultura interna e os valores da organização não depende apenas das novas regras e obrigações trazidas pela NR-1. Uma pesquisa da Robert Half, em parceria com a The School of Life, concluiu que 70% da infelicidade no trabalho está diretamente ligada aos gestores. Os principais agravantes são a ausência de um plano de carreira, a falta de propósito e os relacionamentos tóxicos. Dados como esses devem servir de alerta para os líderes, que precisam repensar sua forma de gestão e a maneira como se relacionam com os colaboradores.
Por fim, concluo que os exemplos internacionais nos mostram que priorizar a felicidade, a saúde e o bem-estar dos colaboradores traz benefícios para todos os lados, além de contribuir para a construção de uma sociedade mais equilibrada e sustentável. Já passou da hora de as organizações investirem de verdade em ambientes colaborativos, incentivando que os funcionários tenham voz ativa nas decisões estratégicas, sintam-se pertencentes e se mantenham engajados — fatores fundamentais para a felicidade no trabalho.