Com a pandemia, milhares de pessoas passaram a trabalhar em um local até então desconhecido para muitos: o home office. De um lado, vimos vantagens como fugir do trânsito e ter mais tempo para aproveitar a família. Por outro, os desafios se mostraram inevitáveis e incluem falta de estrutura, internet lenta e barulho da própria casa e dos vizinhos.
Entre vantagens e desafios, temos uma certeza: profissionais e empresas precisaram se reorganizar e se reinventar. Com isso, ao que tudo indica, a forma de trabalhar da maioria das pessoas não voltará a ser como antes da pandemia. Por essas e outras, o futuro do trabalho deverá ser remoto, ágil e híbrido, alternando o trabalho em casa, na sede das empresas e nos espaços de coworking.
Independentemente do caso da sua companhia, é provável que a gente concorde que o conceito de escritório não é o mesmo. Com o avanço das tecnologias e das ferramentas de trabalho remoto, o escritório extrapolou as barreiras tradicionais e agora ele pode estar em qualquer lugar.
Esse novo modelo, conhecido como anywhere office, permite que os trabalhadores tenham liberdade de escolha em relação ao melhor ambiente para executar suas tarefas, seja no home office, no escritório ou no coworking. Na prática, há apenas a necessidade de um espaço que seja confortável para a pessoa trabalhar com seu dispositivo, como o notebook ou o celular, conectado à internet.
Para as pessoas e para os negócios, uma cultura de trabalho flexível traz muitos benefícios. Entre as vantagens, estão a redução de estresse, a diminuição dos custos, o aumento da produtividade, a otimização do networking e a maior probabilidade de reter talentos.
Aqui no Brasil e no mundo, por exemplo, várias empresas anunciaram a permanência do trabalho remoto — XP Investimentos, Facebook e Twitter são alguns exemplos. Com isso, o trabalho distribuído ganhará cada vez mais espaço no mercado de todo mundo.
O trabalho medido em horas passa a perder força, enquanto o foco em resultados tende a prevalecer. Idealmente, grande parte da força de trabalho terá o melhor dos dois mundos: a estrutura e a sociabilidade dos coworkings e dos escritórios tradicionais de um lado e a independência e a flexibilidade do home office do outro.
Enxergo, de modo especial, que as empresas híbridas podem aproveitar algumas reuniões e colaborações presencialmente e deixar algumas tarefas que exigem mais criatividade e foco para serem realizadas à distância. Há algumas companhias que estão propondo práticas muito interessantes.
A Kissflow, empresa de serviços digitais para locais de trabalho com sede na Índia e nos Estados Unidos, por exemplo, abraçou um modelo de trabalho denominado REMOTE +. Esse formato inclui três semanas de trabalho em qualquer lugar (o anywhere office) e uma semana no escritório.
Para Nicholas Bloom, professor de economia da Universidade de Stanford com experiência em trabalho remoto, à medida que a pandemia desacelera, o ideal será trabalhar de casa dois dias por semana, a fim de equilibrar trabalho focado e colaborativo.
Além de concordar com o professor, acredito que o poder de escolha será a tônica do futuro dos espaços de trabalho. Afinal, devemos caminhar para um mercado e um mundo mais flexível, com menos estresse e depressão, e com mais bem-estar e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Apesar de muitas dúvidas e incertezas do que está por vir, é certo que iremos evoluir na forma de trabalhar e entregar resultados e o modelo anywhere office deve ser a bola da vez junto à maioria das empresas e dos profissionais em todo mundo.
Roberta Vasconcellos é uma das empreendedoras mais conhecidas do ecossistema de startups. É publicitária, Forbes 30 under 30, Global Shaper, embaixadora do Crie O Impossível, além de cofundadora e CEO do BeerOrCoffee, a maior plataforma de coworkings do país.