Dominar um segundo idioma vai muito além da comunicação: é um ativo corporativo que impulsiona carreiras, reduz gargalos no recrutamento e fortalece a competitividade das empresas brasileiras no mercado global.
Reportagem | Por Redação Mundo RH
Em um mundo corporativo cada vez mais globalizado e competitivo, a fluência em inglês — e em outros idiomas estratégicos como o espanhol — deixou de ser um diferencial. Hoje, é uma exigência real para executivos, um desafio para os recrutadores e uma enorme oportunidade para o setor de Recursos Humanos transformar o desenvolvimento de talentos dentro das organizações.
Uma pesquisa da Catho revelou um dado que reforça a urgência do tema: profissionais fluentes em inglês podem ganhar até 170% a mais do que aqueles que não dominam o idioma. Mesmo com esse cenário, apenas 5% da população brasileira fala inglês, e menos de 1% é realmente fluente, segundo o British Council.
Esse déficit foi escancarado novamente em 2024, quando o EF English Proficiency Index classificou o Brasil como um país de baixa proficiência, após analisar mais de 2,1 milhões de falantes não nativos em 116 países. O resultado reforça um obstáculo estrutural que as empresas enfrentam — especialmente quando tentam preencher vagas que exigem fluência no idioma.
RH na linha de frente: por que o idioma é um investimento e não um custo
“Qualquer RH sabe que, ao restringir uma vaga a candidatos que falem inglês, o processo seletivo se torna mais desafiador. Se a exigência for espanhol, então, o cenário pode se transformar em um verdadeiro pesadelo”, afirma Daniel Ribeiro, professor de idiomas e fundador da Soma Idiomas e da Ovo Ideias.
A solução, segundo Ribeiro, está nas mãos do próprio RH: oferecer cursos de idiomas como benefício corporativo. Essa estratégia, cada vez mais presente em grandes empresas, agrega valor ao pacote de benefícios, melhora a performance das equipes e cria vínculos com o plano de carreira e programas de reconhecimento.
Além disso, os colaboradores aplicam o que aprendem imediatamente no dia a dia — em reuniões, negociações, atendimentos ou apresentações — acelerando o retorno do investimento feito pela organização.
“Quanto mais brasileiros falarem inglês, espanhol e outros idiomas, mais conectados estaremos — e mais preparados para acompanhar as transformações do mercado de trabalho”, reforça Ribeiro.
Aprendizado real exige método, cultura e incentivo
A experiência de Daniel à frente da Soma Idiomas mostra que o principal obstáculo dos profissionais brasileiros não está apenas no custo dos cursos, mas na falta de métodos adaptados à realidade cultural do país. “Muitos chegam traumatizados por experiências anteriores, em cursos engessados, sem conexão com suas necessidades reais”, conta.
Por isso, metodologias que priorizam a conversação, a personalização e o ambiente corporativo têm mais sucesso. É o caso da Rockfeller Language Center, que destaca que profissionais com inglês avançado podem ganhar entre 40% e 60% a mais em cargos de especialista ou coordenação, e até 50% em cargos de liderança e diretoria.
Para Bruna Kristensen, gerente pedagógica da Rockfeller, “dominar o inglês é essencial para executivos que buscam se destacar no mercado global. A fluência no idioma reflete diretamente na valorização profissional e salarial”.
5 caminhos para tornar o inglês parte da estratégia de RH
1. Ofereça cursos de qualidade
Opte por instituições que priorizem a prática e a conversação, com métodos adequados ao contexto brasileiro e à realidade corporativa. Isso aumenta a adesão e acelera o aprendizado.
2. Incentive a prática diária
Ler, ouvir podcasts, escrever e-mails e assistir vídeos em inglês devem fazer parte da rotina do colaborador. RHs podem estimular esses hábitos com desafios, recompensas e ações internas.
3. Conecte o idioma ao plano de carreira
Crie metas e vínculos claros entre o aprendizado do idioma e as oportunidades de crescimento. Profissionais tendem a se engajar mais quando veem sentido no esforço.
4. Valorize certificações internacionais
Certificados como TOEFL, IELTS ou Cambridge são reconhecidos globalmente e podem ser incentivados por meio de bolsas ou reembolso das taxas de prova.
5. Crie uma cultura de aprendizado contínuo
Mais do que oferecer um curso, promova uma cultura em que o inglês (ou outro idioma) seja visto como ferramenta de evolução — e não como obrigação.
O idioma como diferencial competitivo das empresas brasileiras
Em um momento em que 51% das empresas brasileiras pretendem iniciar operações no exterior até 2025, segundo pesquisa da Fundação Dom Cabral, a barreira do idioma se tornou um gargalo estratégico para a expansão. A solução passa pelo investimento contínuo em qualificação linguística — não apenas no topo, mas em todos os níveis da organização.
E, mais do que uma habilidade técnica, falar outro idioma — com confiança, fluência e propósito — é um ato de abertura ao mundo. Empresas que reconhecem isso e criam ambientes propícios ao aprendizado se tornam mais atrativas, inovadoras e preparadas para o futuro.
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