Por Sandra Strongren – gerente sênior da área de Recursos Humanos da Kearney no Brasil
Há algum tempo nos deparamos com notícias sobre a carência de mão-de-obra especializada. Vemos empresas disputando os mesmos talentos e, com isso, alimentando a crescente rotatividade – também conhecida como turnover – de profissionais. Não seria hora de focar em habilidades dos seus colaboradores e fazê-los crescer dentro da empresa ao invés de olhar somente os diplomas e faculdades nas quais potenciais candidatos se formaram?
As habilidades necessárias para que um profissional alcance o sucesso em seu emprego mudam constantemente. E a velocidade com que isso acontece é cada vez maior. Ainda assim temos visto muitas empresas enfatizarem diplomas ao invés de valorizarem as habilidades – e depois, pouco têm feito para ajudar seus funcionários a renovarem ou expandirem suas capacidades.
Em anos de trabalho à frente de equipes de recrutamento, vejo que é chegada a hora de mudar a mentalidade e a cultura dos departamentos de recursos humanos. Em lugar de focar em currículos brilhantes é preciso dar ênfase às habilidades dos funcionários, bem como à sua capacidade e disposição de aprofundar conhecimento, expandir especialidades e habilidades focas no cuidado de pessoas.
É muito interessante para as empresas desenvolverem as habilidades e capacitarem suas forças de trabalho. Afinal de contas, cada vez mais elas dependem de tecnologias emergentes e de colaboradores trabalhando com elas para crescerem. E quando olhamos além das capacitações técnicas, temos novos diferenciais entre as habilidades humanas e de relacionamento, como a colaboração, o trabalho em equipe, pensamento crítico, inteligência emocional e capacidade de solucionar problemas. Estas simplesmente não podem ser substituídas por tecnologia. O desenvolvimento dessas habilidades precisa ser parte da agenda dos departamentos de recursos humanos.
Não se trata de promover a aprendizagem pela aprendizagem. Existe um importante impacto nos negócios por trás do desenvolvimento de pessoas. Simplesmente, hoje em dia uma companhia não pode mais sobreviver sem maior agilidade de sua força de trabalho.
Mudar uma cultura há muito tempo estabelecida não é tarefa simples. Demanda uma transformação cultural que passe a focar o potencial das pessoas. Isso seguramente também resultará em maior diversidade da força de trabalho. E os benefícios da maior representatividade a gente já conhece, né?
O mercado de trabalho precisa seguir em direção a um modelo de contratação baseado em habilidades. Essas devem ser tidas como as principais características a serem observadas nas contratações – internas e externas. Da mesma forma, devem ser consideradas no desenvolvimento de novas estratégias de gestão de talentos.
Atrair para a sua empresa talentos reconhecidos pelo mercado é parte do jogo. Mas enquanto especialistas em recursos humanos e recrutamento continuarem tentando ocupar vagas com profissionais já empregados ou seguirem buscando currículos extraordinários, a conta não vai fechar e o déficit de mão-de-obra especializada continuará sendo uma realidade. Somente quando focarem esforços em desenvolver colaboradores e atrair profissionais com as habilidades necessárias para as posições disponíveis – e então se comprometerem com o desenvolvimento de seus currículos, investindo em cursos, treinamentos, especializações e diplomas diversos – é que vencerão a guerra por verdadeiros talentos.