Estudo da Deloitte revela que priorizar o desempenho humano, a sustentabilidade e a inovação tecnológica nas empresas será crucial para o sucesso no futuro dos negócios.
O desempenho humano está no centro das transformações organizacionais do futuro. Com o avanço das inovações tecnológicas, o sucesso das empresas dependerá cada vez mais de sua capacidade de equilibrar essas inovações com o desenvolvimento e o bem-estar de seus colaboradores. É o que revela o estudo “Tendências Globais de Capital Humano 2024”, realizado pela Deloitte, que analisa como práticas focadas no desempenho humano podem impactar diretamente os resultados dos negócios.
Investir no desempenho humano: um caminho para o sucesso organizacional
De acordo com o estudo, priorizar a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento contínuo dos colaboradores pode gerar um aumento significativo no desempenho individual e, consequentemente, no sucesso organizacional. O relatório mostra que, para 73% dos entrevistados, garantir que as capacidades humanas acompanhem a inovação tecnológica é uma prioridade. No entanto, apenas 9% afirmam estar progredindo nesse sentido.
O estudo, que entrevistou mais de 14 mil profissionais de 95 países, incluindo o Brasil, revela que muitas organizações ainda enfrentam desafios operacionais para implementar essas tendências de maneira eficaz. “O papel da liderança em um mundo sem fronteiras será fundamental para impulsionar o desempenho dos negócios, permitindo que as organizações se adaptem ao futuro do trabalho”, destaca Ana Mocny, sócia de Capital Humano da Deloitte.
Sustentabilidade Humana: a nova prioridade organizacional
O conceito de sustentabilidade humana, um dos pilares analisados pela pesquisa, vai além de práticas sustentáveis no ambiente de trabalho. Ele envolve a criação de valor para cada colaborador, promovendo não apenas o bem-estar físico, mas também a saúde mental, social e econômica dos profissionais. Para 76% dos entrevistados, essa abordagem é essencial, enquanto 10% já afirmam liderar iniciativas nesse campo.
As organizações que adotam práticas focadas em sustentabilidade humana, como vincular recompensas dos líderes a métricas de sustentabilidade e integrar essas práticas à governança da empresa, conseguem criar um ambiente mais inclusivo e produtivo. Isso também ajuda a mitigar o estresse no trabalho e a reduzir a insegurança causada pela possível substituição de empregos pela tecnologia, uma preocupação mencionada por 28% dos respondentes.
Privacidade e Transparência: a chave para construir confiança
À medida que a tecnologia avança, as organizações se tornam mais transparentes. No entanto, esse aumento de visibilidade também traz desafios em relação à privacidade dos colaboradores. O estudo da Deloitte mostra que equilibrar privacidade e transparência é fundamental para construir a confiança dentro das empresas. Essa tendência foi considerada a mais importante entre as analisadas, com 88% dos líderes afirmando que a transparência é crucial para o sucesso, embora apenas 13% estejam preparados para lidar com essa questão.
A adoção de novas tecnologias pode fornecer insights poderosos sobre o desempenho humano, mas deve ser feita de maneira responsável. Isso exige a criação de estruturas que garantam que esses dados sejam utilizados para fortalecer a confiança, e não para prejudicá-la.
Medir o desempenho humano além da produtividade
As métricas tradicionais de produtividade, que avaliam o desempenho dos colaboradores com base em entradas e saídas, estão se tornando obsoletas. O estudo da Deloitte aponta que 74% dos entrevistados acreditam que é importante desenvolver novas formas de medir o desempenho humano, levando em consideração o valor gerado tanto para a empresa quanto para os trabalhadores.
Ferramentas tecnológicas, como inteligência artificial e análise de redes organizacionais, já estão sendo utilizadas para medir de forma mais eficaz as interações e contribuições dos colaboradores. No entanto, apenas 8% das empresas estão na vanguarda desse movimento, implementando essas tecnologias de maneira estratégica.
Superando o déficit de imaginação em um ambiente tecnológico
Com o crescimento da Inteligência Artificial Generativa (GenAI) e outras tecnologias disruptivas, muitas organizações estão enfrentando um “déficit de imaginação” em relação a novas formas de trabalho. Embora 73% dos líderes reconheçam a importância de garantir que as capacidades humanas acompanhem o ritmo da inovação tecnológica, apenas 9% afirmam estar progredindo nessa área.
Para superar esse déficit, as empresas precisam promover a criatividade, a curiosidade e a empatia entre suas equipes, dando-lhes autonomia para explorar novas maneiras de trabalhar. Isso exigirá uma mudança de mentalidade e a criação de espaços onde os colaboradores possam experimentar e cocriar o futuro do trabalho.
“Playgrounds Digitais”: novas formas de trabalho
Uma das tendências mais inovadoras destacadas pelo estudo da Deloitte é a criação de “playgrounds digitais” ou hubs de inovação. Esses espaços, tanto físicos quanto virtuais, permitem que organizações e colaboradores experimentem novas tecnologias e formas de trabalho em um ambiente seguro e colaborativo.
Esses hubs têm o potencial de transformar a forma como as empresas exploram o futuro, permitindo que os colaboradores testem novas ideias e ferramentas sem medo de falhas. Segundo o estudo, 65% dos líderes consideram esses espaços importantes para o desenvolvimento humano, mas apenas 10% já estão implementando essa prática de maneira eficaz.
Microculturas no local de trabalho: oportunidades para atrair e reter talentos
As organizações são compostas por diversas microculturas – pequenos grupos que possuem suas próprias dinâmicas e formas de trabalhar. O estudo revela que 71% dos líderes consideram importante cultivar essas microculturas para o sucesso da organização, já que elas promovem diversidade, agilidade e fluidez no ambiente de trabalho.
Além disso, a pesquisa aponta que 73% dos trabalhadores já deixaram um emprego devido a uma desconexão com a cultura organizacional. Ao fomentar microculturas, as empresas conseguem atrair e reter talentos, respondendo melhor às necessidades dos colaboradores e promovendo um ambiente de trabalho mais flexível.
Recursos Humanos sem fronteiras: uma nova mentalidade para o futuro do trabalho
O modelo tradicional de gestão de pessoas está sendo desafiado pela necessidade de maior agilidade e inovação. Em vez de um RH isolado e responsável por todas as questões relacionadas à força de trabalho, o estudo sugere um modelo sem fronteiras, onde o RH colabora diretamente com todas as áreas da organização e com a comunidade externa.
Essa nova abordagem, que 72% dos entrevistados consideram importante, visa integrar a gestão de pessoas com as estratégias de negócios, criando soluções multidisciplinares que atendam aos desafios do mercado moderno. No entanto, poucas empresas estão avançando nessa direção, o que representa um grande desafio para desbloquear o verdadeiro potencial humano nas organizações.
Liderança: a chave para impulsionar o desempenho humano
A liderança desempenha um papel fundamental na promoção do desempenho humano. O estudo revela que 76% dos entrevistados acreditam que é crucial deixar os colaboradores em uma situação melhor do que quando chegaram à organização, mas poucos líderes priorizam essa prática.
Para que essa mudança ocorra, os líderes precisam adotar uma abordagem multifuncional, incorporando novas formas de trabalhar e exemplificando essas práticas para o restante da organização. Isso exige não apenas uma evolução nas mentalidades de liderança, mas também novas formas de responsabilização e medição de resultados.
O estudo “Tendências Globais de Capital Humano 2024” da Deloitte deixa claro que o futuro dos negócios dependerá da capacidade das empresas de equilibrar inovações tecnológicas com o desenvolvimento humano. Priorizando o bem-estar, a saúde e a sustentabilidade dos colaboradores, as organizações poderão não apenas melhorar o desempenho individual, mas também garantir o sucesso de longo prazo.
Ao adotar práticas que promovam a confiança, incentivem a criatividade e cultivem microculturas, as empresas estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios de um ambiente de trabalho em constante evolução. Com uma liderança forte e uma abordagem sem fronteiras, o setor de RH tem o poder de transformar o futuro dos negócios, criando valor não apenas para a empresa, mas para a sociedade como um todo.