A HSM Educação Executiva iniciou na última terça-feira (17) o Fórum HSM de Liderança e Alta Performance, com a presença de mais de 500 executivos em São Paulo e transmissão em tempo real para lideranças do Itaú Unibanco. Salim Ismail, fundador e embaixador mundial da Singularity University, fez a abertura do evento, instigando os participantes a refletirem sobre o impacto da tecnologia e da inteligência artificial no modelo de negócios das companhias e o reflexo disso na liderança. “Manipulamos um genoma com a mesma facilidade que se edita um documento. Estamos na época em que tudo é possível e isso requer analisar as implicações éticas e morais do que está sendo feito”, disse durante sua palestra.
Para o autor do livro “Organizações Exponenciais”, publicado no Brasil pela HSM Educação Executiva, existem três indústrias principais que sofrerão grande impacto com a ruptura tecnológica. São elas a indústria automotiva, de saúde e a de energia. Elas serão revolucionadas com o avanço dos carros autônomos, aumento da otimização do trabalho médico e com o uso de tecnologia e captação de energia solar. “Estudos apontam que 80% do que os médicos fazem hoje vai ser substituído pela tecnologia em dez anos. Em 19 anos, 100% da energia mundial será proveniente do sol”, contou.
Diante disso, o estudioso acredita na importância da liderança estar atenta à tecnologia, fazer boa gestão do conhecimento, mapear o que as start ups estão fazendo e se antecipar às tendências, ouvindo mais as pessoas que estão fora do negócios. “O desafio é enorme, mas somente quando temos grandes perturbações encontramos grandes oportunidades. Garanta que as lideranças de suas organizações estejam atualizadas para lidar com o mundo em volatilidade”, concluiu.
Claudio Fernández-Aráoz, consultor e autor do best-seller “Não é como, nem o que, mas quem”, também participou do primeiro dia do Fórum. Com o mantra de que a chave para alta performance é se cercar dos melhores talentos, o escritor mapeou os principais indicadores para identificar o potencial das pessoas:
- Curiosidade: o nível de curiosidade envolvendo itens como por exemplo proatividade em buscar feedback sobre o próprio desempenho e atuar sobre ele.
- Visão: capacidade de captação de um insight capaz de criar uma visão criativa.
- Envolvimento: habilidade de inspirar a mente dos outros.
- Determinação: pessoas de alto potencial são resilientes e não cedem sobre pressão.
Para Aráoz, esses indicadores devem ser identificados, desenvolvidos e cultivados. “Se você quer ser bem-sucedido no século 21, certifique-se de se manter bem curioso”, finalizou.
O empreendedor da noite paulistana Facundo Guerra aproveitou o dia para provocar os palestrantes a imaginarem as corporações dentro da lógica do capitalismo autoral, que coloca o lucro como uma prioridade secundária. “Quando monto meu projeto, produto, serviço, estou entregando uma visão. Estou me expressando através de uma visão de mundo cristalizada na forma de produto”, disse.
Para ele, as lideranças precisam se conectar com o consumidor, transformando-o em uma comunidade. “Comprar está mais associado a uma ideia do que necessariamente ao produto em si”, avaliou.
Christian Orglmeister, sócio do BCG (The Boston Consulting Group) e líder da prática de pessoas e organização para a América do Sul, encerrou o primeiro dia do Fórum analisando os desafios organizacionais brasileiros. “Estamos lidando com custo de pessoal elevado, baixa produtividade, liderança não confortável e preparada para lidar com as incertezas”, desenhou o executivo.
Com isso, há uma urgência em analisar o papel dos gestores, aprimorar a execução e aperfeiçoar o desenho organizacional. Segundo o palestrante, o modelo mais adequado para as atuais circunstâncias é a liderança compartilhada, estimulando a criatividade e a inovação. “A empresa de sucesso daqui para frente é aquela que consegue surfar nas disrupções”, ponderou.