Se tornar gerente é o desejo de um bom número de profissionais que iniciam uma carreira corporativa
Este também foi o desejo do Adriano. Ao se formar participou da seleção de diversos programas trainees, passou em dois, escolheu o de uma empresa multinacional americana de grande porte. Há seis meses foi promovido, hoje tem um cargo gerencial e é responsável por uma equipe de cinco pessoas, de diferentes idades e perfis.
Adriano relata que acredita não estar desempenhando bem as responsabilidades da sua posição e nos conta que está frustrado. Ele não consegue identificar se a frustração é decorrente da percepção de não estar desempenhando bem, ou porque descobriu que não gosta e não quer ser gerente.
Para refletir:
- O que o levou a querer uma posição gerencial? Quais foram os seus motivadores na busca desta posição?
- O que estar hoje em uma posição de gestão faz por você?
- Qual a sua contribuição como gestor? Como impacta o ambiente e as pessoas ao seu redor?
- Agora que você já desempenha a função: quais são as coisas que gosta muito em ser gestor? Que benefícios esta posição te traz? Quais são as questões que mais o incomodam no exercício desta posição?
Caso os prós se revelem mais relevantes, aproveite para mapear suas forças e fraquezas. A questão aqui é, se você continua vendo propósito na realização de uma função gerencial é possível que essa sua frustração exista porque a avaliação das suas fraquezas pode estar, simplesmente, informando que você precisa se preparar mais para o exercício desta responsabilidade. Considere desenhar um plano de ação para minimizar essas fraquezas. Para isso sugiro que pense sobre:
- Que postura gerencial deseja ter? O que fazer para que ela seja percebida pela sua equipe, pelos seus pares e pelo seu gestor? Quem pode ajudá-lo neste desenvolvimento?
- Que feedbacks têm recebido? O que eles têm em comum?
- Quais são suas forças? Como elas podem te ajudar neste processo?
- Que ações você deve rever? Que atitudes você pode repensar e se desafiar a fazer diferente?
- Que conhecimentos você pode adquirir? Como e quando pode se comprometer a fazer isto?
- Com que frequência você assume o compromisso de reavaliar essas questões e, também, de pedir feedback sobre o seu progresso?
Agora, caso você não tenha encontrado a mesma motivação de antes para atuar como gerente, e não acredite que a minimização de eventuais fraquezas mapeadas poderá fazer com que mude de opinião, considere a construção de um plano de ação para mudança de função. Nesse caso pode ser útil refletir sobre:
- Quais atividades você gostaria de realizar?
- Como descreve as possiblidades desta mudança ocorrer na sua empresa atual? Considerando o tamanho da estrutura e possibilidades, como pode endereçar esse desejo na própria empresa?
- Avalie o contexto da empresa, que projetos ou iniciativas estão em curso em outras áreas que se beneficiariam das suas habilidades?
- Que segmentos de negócio você identifica com bom nível de valorização da carreira técnica / especialista?
- Como algumas das forças que listou na reflexão podem ser interessantes para a nova opção?
O mais importante aqui é uma genuína e sincera avaliação do seu desejo de ocupar ou não uma função gerencial. Permita-se avaliar mais a fundo, mas não postergue esta avaliação e a busca da verdade, da sua verdade hoje.
Como mencionou, pode ser que tenha mesmo muito a perder neste movimento, porém seguir ocupando uma posição gerencial sem o desejo genuíno e sem a preparação necessária vai causar frustração não só para você, mas, também, para os outros que sofrerão o impacto do seu mau desempenho.
Assim, sugiro focar no ganho que terá no médio prazo, com maior ciência sobre o que realmente o faz feliz e assumindo a responsabilidade das suas escolhas na sua vida e na das pessoas que estão ao seu redor.
Sucesso!
Claudia Klein é Diretora de Relacionamento com o Mercado da International Coach Federation, no Rio de Janeiro, e especialista em desenvolvimento profissional.
Foto: Gilvan de Souza