Por Maria Pia Logiovane – Líder de RH LatAm da Philips no Brasil
Reinventar-se: esse é um termo que passei a escutar muito nos últimos tempos. Acredito que nos últimos dois anos, muitas pessoas passaram a repensar suas relações com o trabalho, entendendo o que de fato faz sentido e as mantém engajadas e motivadas. Inclusive, muitos profissionais tomaram decisões importantes, se reinventaram e transformaram radicalmente suas carreiras. Em tempos de crise, é ainda mais relevante ter essa capacidade de reinvenção, de se adaptar rapidamente a situações de mudança. Essa mudança de pensamento também passou a ser um desafio para o time de Recursos Humanos, uma vez que os acontecimentos dos últimos anos serviram para dar um novo significado à gestão de talentos e quais habilidades eles devem desenvolver.
No meu caso, sou advogada e por 18 anos trabalhei na Philips em diversos cargos na área jurídica e de compliance para América Latina e América do Norte. Faço parte desse grupo de pessoas que repensaram as suas carreiras e abraçaram a mudança. Por exemplo, direcionei meu desenvolvimento profissional para a área de Recursos Humanos, algo que foi minha paixão por muitos anos e que hoje se tornou minha profissão.
Além dessas mudanças, que ouço diariamente de vários colegas e amigos, é importante observar como o trabalho híbrido, a experiência dos funcionários e os treinamentos se tornaram mais relevantes no setor. Atualmente, as empresas têm a necessidade de serem ágeis e adaptáveis às mudanças impostas pela sociedade e criar uma cultura de conexões e empatia com as pessoas. Estar cada vez mais próximo do colaborador, entender suas necessidades, particularidades e expectativas é fundamental para a gestão de talentos.
Um estudo realizado pelo Projeto Empresas Humanizadas no Brasil, idealizado por pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, aponta que empresas humanizadas alcançam melhores resultados e agradam mais tanto aos seus clientes quanto aos colaboradores. Os dados mostram que adotar a prática resulta em uma satisfação 240% superior por parte dos clientes e níveis 225% maiores de bem-estar entre os colaboradores.
As pessoas ficam em uma empresa não só pela ótima remuneração, mas pelo que elas vivem dentro da companhia, pelo que as motivam e pela forma como são tratadas. Se existir um ambiente de trabalho inclusivo, humanizado, onde as diferenças são valorizadas e que se preocupa com o seu bem-estar, os profissionais ficarão. E a relação e a experiência dos colaboradores com a empresa que trabalham, são fundamentais para que isso aconteça. Na Philips, a força motriz do nosso dia a dia é trabalhar com um propósito maior. Tanto é que a companhia tem como objetivo melhorar a vida de 2,5 bilhões de pessoas, por ano, até 2030, incluindo 400 milhões de pessoas em comunidades carentes. E é aí que estão nossos esforços prioritários em oferecer o melhor lugar para trabalhar àqueles que compartilham da nossa paixão e propósito.
Para que essa mensagem e sentimento ressoem entre todos os colaboradores, trabalhamos constantemente com a nossa liderança no que chamamos de Liderança com Propósito. Não é conversar só sobre o que tange o nosso negócio, mas também implementar novos programas que auxiliem em como liderar e desenvolver habilidades para isso e como esperamos que cada líder seja empático e compassivo em suas decisões.
Sabemos que os colaboradores precisam ser apoiados para desenvolver todo o seu potencial e a liderança desempenha um papel fundamental nessa jornada. Exemplo disso é nosso programa de mentoria. Em 2021 tivemos líderes atuando como mentores para os talentos e membros da equipe que precisavam de orientação como parte de seu desenvolvimento de carreira. Também lançamos uma mentoria reversa que foi uma ótima iniciativa para reunir diferentes gerações e entender o que nossos mais jovens valorizam e aprendem com seu know how, no digital, nas mídias sociais e em muitos outros setores.
Outro programa interessante que mantemos na Philips é a ‘Career Week’, momento que buscamos unir nossos colaboradores, a oportunidade de aprender novas habilidades e ferramentas para melhor gerenciar sua carreira e ampliar sua visão da empresa, o que lhes permite construir um Plano de Desenvolvimento adaptado aos seus interesses. Sempre com o objetivo de reforçar que cada colaborador é responsável por promover sua carreira, e que os líderes e a empresa estão com eles para acompanhá-los nessa jornada.
A essa altura você deve estar se perguntando “mas o que de fato é relevante para a gestão de pessoas?” e eu te respondo em poucas palavras: mostrar para cada colaborador que a empresa é empática e o apoia – além de mantê-lo engajado. “Mas como?”, acompanhando o que de fato afeta e incomoda os colaboradores e apoiá-los com processos humanizados, considerando as emoções e experiências das pessoas por meio de ações concretas que permeiam toda a organização.
Somos uma companhia que está constantemente buscando e mirando a inovação, principalmente no cuidado com a saúde. E para que os colaboradores sigam inovando, é fundamental que o ambiente transmita segurança para compartilhar ideias e desafios. Na Philips, somos uma equipe diversificada composta por cerca de 80.000 pessoas em mais de 100 países, todos com diferentes origens, perspectivas e experiências. Valorizamos essas diferenças, pois são elas que fazem a criatividade e a inovação florescerem.
Por aqui, seguiremos cada vez mais oferecendo oportunidades para desafiar o status quo, pois acreditamos que é isso que dá espaço para inovação. Esse é o nosso jeito de ressignificar. E por aí, qual será o futuro do trabalho?