Lógica dos jogos é uma ferramenta eficiente no recrutamento, seleção e gestão de jovens profissionais
O conceito não é tão novo, mas tem sido cada vez mais utilizado, principalmente, pelas consultorias de recursos humanos. De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa M2 Intelligence, o fenômeno gamificação – que aplica conceitos e elementos de um jogo em processos de recrutamento e seleção de pessoas – vai movimentar US$ 5,5 bilhões no mundo em 2018.
Segundo Alessandra Bergamini Madureira, consultora de Recursos Humanos do Grupo Selpe – empresa da área que está há mais de 50 anos no mercado de recrutamento e seleção – o processo seletivo gamificado desperta o engajamento e comprometimento do público envolvido. Com isso, é oferecido aos candidatos uma experiência diferenciada, fazendo-os interagir e demonstrar suas principais características comportamentais e potencialidades.
O conceito tem sido muito utilizado pela equipe Talent do Grupo Selpe, que realiza o recrutamento e seleção de trainees e estagiários. “Esse público é altamente digital e acostumado com um mundo mais dinâmico. Além disso, a realidade dos games está presente em seu cotidiano e eles amam fazer uso dela”, ressalta Alessandra.
Para atrair e reter esses jovens profissionais, a empresa se adaptou a esse universo por meio da gamificação. “Mais de 80% da rotina do nosso trabalho está baseada em elementos encontrados em games, como pontos, medalhas e recompensas. Já percebemos que as pessoas se tornam mais engajadas quando estão em um ambiente com as características relacionadas a jogos”, aponta a consultora.
Ela ainda explica que, as organizações têm comemorado os bons resultados com o uso dessa estratégia, como a assertividade nas admissões, a possibilidade de mensurar o nível de engajamento dos participantes e a constante aplicação de técnicas inovadoras.
Cases de gamificação
Para obter sucesso na seleção, não é necessário gamificar todo o processo e nem criar, por exemplo, um aplicativo. “É preciso apenas usar os conceitos. Usamos a gamificação, por exemplo, na etapa de seleção. Elaboramos um material para apresentação inicial dos candidatos, chamado social game, em que utilizamos cartas relacionadas às redes sociais. Na medida em que o candidato abre as cartas que pertencem à determinada mídia, ele responde à pergunta que aparece (sempre relacionada à alguma competência). Eles também podem compartilhar suas principais experiências profissionais e de vida. E a partir das respostas do candidato, é possível mapear características do seu perfil”, explica Alessandra.
Ela explica que, após a apresentação dos candidatos, também são utilizados jogos online para realizar uma dinâmica em grupo. “Montamos uma estrutura metodológica em que dividimos os participantes em três grupos que concorrem entre si. Criamos regras para pontuações e o grupo que atinge mais pontos vence o jogo. Durante a disputa, eles esquecem que estão em um processo de seleção e jogam de verdade”, avalia.
Durante a dinâmica, um robô virtual também pode estar presente, e os candidatos precisam traçar estratégias junto à equipe para chegar ao resultado final do jogo. De acordo com Alessandra, a consultoria insere nos jogos, as competências que as empresas querem avaliar. Por meio da atividade, os consultores de Recursos Humanos conseguem mapear as competências essenciais das empresas, como trabalho em equipe, comunicação, planejamento, visão estratégica, resolução de problemas e o envolvimento dos candidatos no processo.
Vale ressaltar que não necessariamente a equipe vencedora é a selecionada para a etapa final. “O principal objetivo da gamificação no recrutamento e seleção é motivar a participação e o engajamento dos candidatos, fazendo com que eles assumam um papel no jogo. O foco não é selecionar a melhor equipe, mas sim conhecer e avaliar o papel e perfil comportamental e potencial do jogador-candidato”, explica.