No mês de fevereiro, São Paulo reuniu milhares de jovens talentos dedicados à inovação e à criatividade durante a 12ª edição da Campus Party, um evento de cinco dias que atraiu mais de 130 mil pessoas e centenas dos principais especialistas do mundo em todos os setores. No entanto, um novo estudo sugere que a maioria dos participantes – GenZ e Millennials que trabalham ou estudam na indústria de tecnologia – acreditam que a única maneira de desenvolver suas carreiras e alcançar o sucesso é deixando o Brasil.
O Indeed, site de empregos número 1 do mundo, encomendou uma pesquisa da Toluna Insights com mais de 1.000 brasileiros, e descobriu que, enquanto apenas 16,6% daqueles acima 55 anos trabalhando no setor de tecnologia acreditam que a emigração é essencial para o sucesso profissional, para aqueles com entre 18-34 esse número dispara para 51,1% e para os entrevistados com menos de 18 anos é ainda maior com 66,6%. Esses resultados surgem mesmo quando a Campus Party continua crescendo no Brasil, organizando mais de 1.000 horas de conteúdo, mais de 900 palestrantes e cerca de 231 workshops em 2019, sugerindo que não há falta de interesse nem de talento no país.
“Os resultados mostram claramente uma percepção diferente entre faixas etárias, enquanto gerações mais velhas confiam que o sucesso pode ser alcançado aqui, as gerações mais jovens estão menos convencidas”, disse Felipe Calbucci, Country Manager do Indeed no Brasil. “Isso pode ser o resultado da forte marca empregadora de empresas internacionais. No Brasil, esse conceito ainda está sendo descoberto, e é importante que as empresas percebam o valor agregado de poder desenvolver e exibir sua marca empregadora, a fim de aumentar a atração e retenção dos melhores talentos e o sucesso geral dos negócios”.
Essa crença entre os jovens da Gen Z de que eles devem deixar o Brasil para ter sucesso pode ajudar a explicar por que 2017 registrou um recorde de 302.000 estudantes estudando no exterior. Também se alinha com prioridades individuais quando se trata de razões para iniciar seus próprios negócios.
Isso não quer dizer que os menores de 35 anos não reconheçam outras vantagens potenciais. Quando perguntados sobre o que eles vêem como os benefícios do empreendedorismo no Brasil, 70% disseram que ele pode tanto ajudar a desenvolver o país quanto criar empregos para os brasileiros. “O que podemos ver em nosso estudo é que, para os candidatos, ter o emprego certo tem grande impacto nas suas vidas e bem-estar. Para os empregadores e nossa economia, é um fator crítico de crescimento. Enquanto a Geração Z e a Geração Y, como as gerações mais antigas, apreciam os benefícios do empreendedorismo no setor de tecnologia, suas motivações para entrar na indústria podem ser diferentes”, acrescenta Calbucci.
Enquanto nenhum entrevistado com mais de 55 anos considerava o desejo de ser rico como a razão mais importante para ser um empreendedor, exatamente metade de todos os entrevistados com menos de 18 anos disseram que ser rico era o principal motivo para explorar uma carreira empreendedora. Compare isso com os acima de 55 anos, cuja principal resposta foi a liberdade do formato tradicional de trabalho, seguida pelo desejo de ajudar o Brasil a melhorar, e o que podemos ver é uma nova geração de talentos tecnológicos com maior foco no interesse próprio.
Confira na tabela abaixo os principais motivos que levam os brasileiros em geral a se tornarem empreendedores:
Dado que a Geração Z será mais influente no avanço de tecnologias futuras do que as mais antigas, é interessante notar que elas têm uma visão única ao prever o que resultará na maior mudança para o setor nos próximos cinco a dez anos. Enquanto todos os grupos demográficos com mais de 18 anos apontaram a Inteligência Artificial como o desenvolvimento chave, aqueles com menos de 18 anos se desviaram dessa tendência, acreditando que tanto a Realidade Virtual quanto o Machine e Deep Learning serão mais influentes.
Metodologia
Pesquisa realizada pela Toluna Insights em 4 de fevereiro de 2019 com 1.060 pessoas nas classes A, B e C, segundo os critérios de classificação utilizados pela Abep – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, onde as pessoas da classe C2 possuem renda familiar média de R$ 1.625 por mês.
Imagem: yanalya