A tendência da gig economy é mundial, mas no Brasil ela também ganhou força por conta dos avanços tecnológicos
Por José Pedro Fernandes, vice-presidente da SISQUAL® WFM
Com a chegada do Natal, o mercado de trabalho ferve com tantas oportunidades temporárias. Segundo estimativas da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem), nesse ano serão aproximadamente 470 mil vagas em todo o país, incluindo possibilidades em varejo, entretenimento, turismo, transporte e muitos outros. O Natal, no entanto, é apenas um dos cenários da gig economy, ou “economia de trabalho informal” que vem mudando a forma como as pessoas trabalham e empregam.
A tendência da gig economy é mundial, mas no Brasil ela também ganhou força por conta dos avanços tecnológicos — principalmente com a chegada de diversos aplicativos de prestação de serviços. Um estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostra que o país tinha cerca de 1,4 milhão de profissionais realizando trabalho informal em 2021, um crescimento de 60% em relação a 2016, quando o número era de 870 mil trabalhadores.
Enquanto muitos desses trabalhadores buscam uma posição fixa ou efetivação de suas posições nas empresas onde estão trabalhando, muitos optam por adotar permanentemente esse formato. Um relatório divulgado pela Workana, plataforma voltada para o trabalho autônomo e remoto, revelou que 54% dos profissionais que atuam como freelancers não voltariam a trabalhar em modelos tradicionais de contratação. O que antes era considerada uma forma de complementação de renda, virou carreira.
Enquanto o governo e organizações trabalhistas tentam lidar com essa nova realidade, a gig economy tem um grande impacto no mundo dos recursos humanos: ela não apenas oferece uma nova forma de contratação, como permite que as empresas recorram a profissionais independentes para realizar projetos ou trabalhos específicos. Isso possibilita a redução de custos fixos (como salários, benefícios e impostos), a diminuição de colaboradores com horas ociosas e a contratação de pessoas com habilidades específicas quando necessário.
Dentro da área de recrutamento, essa nova forma de trabalho oferece às empresas uma oportunidade de melhorar o processo, aumentando a oferta de talentos e aprimorando as condições de trabalho. Além disso, acordos podem ser estabelecidos para contratar colaboradores de todas as partes do mundo, alcançando profissionais com as melhores habilidades possíveis.
No entanto, a adesão à gig economy e contratação de freelancers exige que as empresas desenvolvam novas estratégias para gerenciar e integrar os trabalhadores temporários ao ambiente corporativo. Isso inclui a criação de políticas e processos para seleção, recrutamento, treinamento e gerenciamento de desempenho desses trabalhadores, além de lidar com as questões legais e regulatórias relacionadas à contratação de trabalhadores independentes.
As empresas devem garantir que os trabalhadores independentes estejam em conformidade com as leis trabalhistas locais, para que recebam um tratamento justo e ético. É importante que o RH se prepare para lidar com mudanças na dinâmica do trabalho e expectativas dos trabalhadores, o que pode incluir a criação de políticas que permitam aos colaboradores o trabalho remoto ou em horários flexíveis, por exemplo.
Para encontrar essa consonância, é fundamental que as empresas tenham uma gestão otimizada e cuidadosa de toda a sua força de trabalho, incluindo autônomos e prestadores de serviços. A melhor forma de realizar isso é com uma ferramenta de Workforce Management (WFM) ou gestão da força de trabalho. Um exemplo é o Open Shifts, uma forma de publicar turnos em que o empregador disponibiliza horários disponíveis a uma seleção de profissionais previamente cadastrados, e estes têm a liberdade de optar por pegar aquele que for mais conveniente. Desse modo, a empresa tem a chance de alargar a sua força de trabalho e em simultâneo, os profissionais conseguem selecionar os turnos que melhor se adaptam à sua disponibilidade e necessidade. Este processo de gestão de escalas é mais democrático, torna as escalas mais flexíveis e adequadas a esta nova realidade do mercado e, ao mesmo tempo, atendem às necessidades da empresa.
Sistemas completos de governança são essenciais para centralizar todas as informações referentes à contratação de fornecedores em um único lugar, além de gerenciar toda a documentação devida, assegurando o cumprimento das leis vigentes. No contexto dessa nova forma de contratação e atuação dos profissionais, contar com a solução certa é essencial para fazer a gestão estratégica e responsável da força de trabalho, possibilitando que a empresa acompanhe as mudanças do mercado de trabalho sem queda de produtividade.