Encontramos a melhor forma para estimular a autonomia, incentivar a colaboração entre as pessoas
Alternativas e novos formatos que visam melhorias para as pessoas que trabalham em uma empresa e, consequentemente, para a empresa, estão constantemente nos planos da Área de Pessoas e das lideranças. Após experiências profissionais e muita pesquisa, conheci o formato de gestão colaborativa, que inspirou desde o início a minha empresa, pelo manifesto de metodologias ágeis na produção de software, área que sempre atuei e que montei uma empresa.
Desde que nasceu a ideia de montar uma empresa na área de desenvolvimento de software, eu e meus sócios sempre tivemos como meta principal influenciar de forma positiva o mercado de tecnologia. Cada um de nós já fazíamos isso nos ambientes técnicos que trabalhávamos, mas faltava algo: construir uma empresa com base nos valores e princípios que sempre entendemos como novas formas de trabalho e liderança no século XXI. E na nossa opinião ter uma organização hierárquica (ou não tê-la efetivamente) é o que mais precisava ser mudado e estar mais adequado ao perfil da nova geração de pessoas que trabalham com tecnologia das gerações Y, Z e demais gerações que um dia estarão no mercado de trabalho.
Sendo assim, encontramos no modelo de Gestão Colaborativa a melhor forma para estimular a autonomia, incentivar a colaboração entre as pessoas e ter transparência nas relações. Ao pé da letra, é o tipo de gestão onde não tem chefe, mas sim uma equipe em sinergia, em que cada um sabe exatamente quais são suas responsabilidades, sem a necessidade de ter alguém as cobrando ou monitorando o que estão fazendo. O ponto chave é fazer com que as pessoas tenham senso de responsabilidade e realizem suas atividades com propriedade, para adquirir consciência de sua relevância e impacto no ambiente e nos projetos que atuam.
Assim também temos menos processos burocráticos e menos disputas de poder, as ações acontecem de maneira mais rápida e orgânica e as pessoas se sentem (e são) parte das soluções, criando um ambiente mais agradável e justo para todos, onde vivências e experiências são mais relevantes que cargos.
Essa cultura pode ser notada já na etapa de recrutamento, quando trazemos pessoas alinhadas com a nossa cultura de trabalho, dispostas a evoluir e aperfeiçoar nosso ambiente. E claro que há dificuldades, desde a chegada de novas pessoas na equipe até a adaptação a um novo formato de trabalho, com mais autonomia, por isso o processo de integração e os esforços para transmitir a filosofia adotada durante o processo na entrada de uma nova pessoa são essenciais.
O modelo de gestão colaborativa não é comum no mundo corporativo, por isso as pessoas inicialmente têm dificuldade para lidar com a liberdade e a responsabilidade das suas ações. Somos ensinados a obedecer a alguém no ambiente profissional, e nós buscamos o oposto: sai de cena o discurso do “meu chefe que mandou” e vigora a ideia de que “se eu me comprometi, eu vou fazer, pois impacta diretamente todo o meu time”.
Para pessoas que trabalham em empresas que adotam esse modelo sempre surge a pergunta: se não tenho “chefe”, como meu trabalho será reconhecido e como terei aumento de salário ou promoção?
Trabalhamos de maneira simples: buscamos empoderar as pessoas para que elas consigam conversar com toda sua equipe. Um modelo que encontramos foi o de abrir dois períodos ao longo do ano para a proposta de aumento salarial. A pessoa apresenta suas entregas e argumentos para o time e propõe um valor que considera adequado. Depois disso, é feito um alinhamento com a Área de Pessoas para verificar os pedidos, que são avaliados junto a informações e a pessoa receber um posicionamento.
O modelo de gestão colaborativa oferece crescimento de conhecimentos e experiências profissionais, uma realidade pouco usual. Aliado a isso, buscamos compor um cenário de equilíbrio e ritmo sustentável, mesmo percebendo que existe uma corrida sem limites por mais aprendizados e vivência em projetos complexos e inovadores. Sim, isso é possível dentro de um ambiente colaborativo, mas existem pessoas que não conseguem enxergar, pois priorizam o reconhecimento somente por meio de status ou cargos. As pessoas não precisam pensar da mesma forma e a questão cultural é um fator relevante, afinal cada um tem o seu propósito de carreira e o direcionamento de como vai buscar os seus objetivos – e não há mal algum nisso.
Por Victor Hugo Germano, co-fundador da Lambda3, empresa de software sob medida especializada em desenvolvimento, mobile, DevOps e nuvem.