O sucesso de um projeto ou de uma empresa depende de uma enorme quantidade de fatores. Entre tudo o que pode dar certo ou errado e o que controlamos ou não, existe um grupo de pessoas que é fundamental para que tudo dê certo – as equipes. Sejam elas de duas, 20, 100 pessoas, o desafio de fazer o máximo possível para garantir que todos sejam produtivos é enorme e passa por várias etapas.
Ouvidos (realmente) abertos
Se preocupar com a entrega das coisas certas nos prazos corretos não é gestão completa. É preciso se preocupar com o lado humano, se as pessoas estão felizes em suas funções, se estão com um bom relacionamento com os seus colegas, se sentem que podem contribuir para algo além do que já fazem no dia a dia e se conseguem enxergar que não estão sozinhas ao enfrentar problemas relacionados com o projeto ou com a empresa.
É preciso conversar. Mas não apenas aquela conversa informal de corredor. Garantir que existe um tempo na agenda para compartilhar expectativas, sonhos, dores e oportunidades de melhorias é o que vai permitir conhecer cada um com profundidade e criar fortes laços de confiança mútua.
Dividir o legado
Mas é natural que, ao pensarmos nessa aproximação individual, surja o desafio de manter isso à medida em que a equipe vai crescendo. Chega um momento em que simplesmente não é mais possível acompanhar todos da mesma forma e é deste ponto que vem a necessidade de multiplicar boas ações e transformá-las em cultura. Com o crescimento de equipes, surgem pessoas de referências e lideranças, que devem ser encorajadas a também se preocuparem com esse lado humano de seus colegas mais próximos, de forma que todas as pessoas tenham pelo menos uma referência, alguém que irá escutá-los e se preocupar. Se isso for incentivado e praticado de maneira semelhante em todas as equipes, em um momento isso se tornará cultura – será natural que novas equipes apareçam e se organizem de maneira semelhante.
O papel de multiplicador se torna especialmente importante em tempos de pandemia e trabalho remoto, já que o encontro de corredor não existe mais e tudo se transformou em uma voz com uma tela preta de fundo durante uma conferência virtual. Encontrar meios de se aproximar de todos é um dos desafios mais difíceis do momento em que vivemos.
Todo tipo de feedback é feedback
Um ambiente – mesmo que virtual – de bom relacionamento é essencial, mas não é o único fator que conta. Outro ponto chave na administração de equipes passa por fixar o conceito de que feedbacks são bons e que podem partir de qualquer um para qualquer um. Um ambiente em que todos se sentem à vontade para conversar e falar de forma construtiva a respeito de problemas e do que funciona bem, vai proporcionar o crescimento por meio da colaboração, ao invés de incentivar competição interna.
Mas por mais que se tente diminuir as barreiras de hierarquias e chefias, é perfeitamente normal que esse relacionamento exista, e o grande diferencial está na postura dos líderes, está em saber colocar em prática a liderança servidora. O que eram apenas ordens, se torna um alinhamento de objetivos em comum, em que o líder apoia na execução, enfrenta os problemas junto com os liderados e dá liberdade para que cada um encontre o melhor caminho sem deixar pegar a direção errada.
Garanta que as pessoas certas estão fazendo as atividades certas
Parece bem óbvio esse tipo afirmação, mas apenas porque alguém executa bem uma função, não quer dizer que a pessoa está no seu papel mais produtivo. Tudo o que foi citado anteriormente sobre aproximação vai ajudar a identificar o que cada um gosta de fazer. É necessário ter um cuidado com essa abordagem, pois raramente é possível alguém fazer apenas o que gosta o tempo todo, existem atividades que nem sempre geram interesse, mas que são necessárias para o sucesso e precisam ser feitas. Buscar a organização que maximize a atuação das pessoas onde elas fazem melhor irá ajudar equipes a serem mais produtivas.
Celebre as vitórias
É muito fácil cair em uma rotina de enfrentar um desafio após o outro e se esquecer de parabenizar pelo o que foi superado. Muitas vezes, um simples “muito obrigado”, um sincero “excelente trabalho”, já são o grande diferencial que faz com que cada um se sinta valorizado. É claro que – quando possível – transformar a vitória em uma celebração de happy hour, uma festa ou uma surpresa pode agradar ainda mais.
Alinhamento de objetivos
Por fim, as equipes precisam estar cientes dos seus desafios, elaborar junto aos gestores formas de acompanhar o progresso e se esforçarem para atingir os seus objetivos. A gestão deve garantir que a equipe possua as ferramentas certas para o trabalho, deve apoiar na definição dos processos e enfrentar os desafios como um parceiro que está junto com o time – e não acima ou a frente.
Colocar todos os pontos em prática não é fácil. Cada pessoa possui suas particularidades, cada ambiente possui suas restrições, cada projeto possui características que podem atrapalhar algum dos pontos. A jornada para criar uma cultura sólida na equipe é longa, cheia de desafios, mas pode ser alcançada. Com um passo de cada vez e entendendo que são as pessoas que movem a empresa e os projetos, é possível ficar cada vez mais próximo do ambiente ideal.
Por Gilson Vilela Jr. sócio-fundador da ioasys, empresa de consultoria e transformação digital.