Transformações no RH e o seu papel estratégico dentro e fora das organizações
Em 45 anos de carreira, Jorge Fornari Gomes, hoje, escritor, consultor, palestrante e coach, foi gestor e executivo de RH nas empresas Telesp, CESP, J&J, Amex, ATL/Claro, Brasil Telecom, Rede TV! e HR Oil. Em junho deste ano – lançou o livro “O executivo na essência”. Desde então, em palestras e uma expressiva atuação nas redes sócias, passou a incluir em sua rotina a missão de divulgar sua obra literária pelo Brasil. Ao Mundo RH, Jorge Fornari, falou sobre algumas das principais mudanças ocorridas na área de RH nestes últimos anos, das características essências para ser um líder, como também sobre a construção do seu livro. Acompanhe a entrevista:
MUNDO RH – Como o senhor avalia as mudanças ocorridas na área de RH nestes últimos anos?
JORGE FORNARI – Existem muitas realidades do RH em função dos tipos de negócios. Tendemos a fazer julgamentos generalizados baseados nas grandes empresas onde em geral há uma cultura mais propicia à adequada gestão de pessoas, mas a grande maioria das empresas ainda não está preparada para valorizar a área como deveria ser. Com relação aos gestores, meu sentimento hoje é que estamos vivendo um novo ciclo de baixa onde mais uma vez os gestores de RH estão focados em questões essencialmente funcionais. Eu pessoalmente me ressinto da possibilidade de discutir temas de maior valor conceitual, ao invés de discutir receitas sobre como implantar um programa, por exemplo. Tenho buscado reunir pessoas que estejam interessadas numa conversa de mais profundidade sobre a gestão de pessoas.
MUNDO RH – Qual é a importância desta área como braço estratégico de negócios para a empresa?
JORGE FORNARI – Ser estratégico ou não depende do quanto a direção da empresa acha que que as pessoas ocupam ou não um papel estratégico no sucesso do negócio. Quando não, RH tem poucas chances. As pessoas são um recurso estratégico para a maioria das empresas, mas os executivos nem sempre compartilham desta perspectiva dando ao RH um papel figurativo.
MUNDO RH – Quais as características necessárias que um profissional deve ter para exercer a liderança em Recursos Humanos?
JORGE FORNARI – Entendo que a questão é exercer liderança dentro da empresa, certo? Caso seja este o caso eu diria que, primeiro deveria ter uma boa formação em ciências humanas, não para ser um especialista, mas para embasar suas crenças e convicções. Ter um bom conhecimento de negócios para garantir que as ações de RH subsidiem as iniciativas, metas e estratégias e não perder tempo com os programas da moda.
MUNDO RH – Destaque uma ação de sucesso implementada pela sua gestão de pessoas que trouxe resultados significativos para alguma das empresa em que teve passagem pelo RH?
JORGE FORNARI – Quando começamos a implantar a ATL no Rio de Janeiro acompanhamos passo a passo a implementação da empresa. Cada ação de RH atendeu claramente uma necessidade de negócio. Conseguimos contratar uma equipe excepcional que graças a liderança da presidência consolidou uma cultura vitoriosa, uma empresa excepcional. Um orgulho que os ex-ATL carregam consigo até hoje.
MUNDO RH – Quais motivos levaram o executivo Jorge Fornari escrever o livro “Executivo na essência”
JORGE FORNARI – Tudo começou com uma brincadeira há muitos anos atrás. Na época eu ironizava fazendo palestras e escrevendo sobre a “gestão das incompetências”. A partir de um certo momento decidi investigar de onde vinham estas tais “incompetência”. Comecei a ler mais a fundo sobre a história do Brasil, religião e até mesmo filosofia. Na sequência, passei a ler e estudar neurociência visando encontrar onde estavam as raízes da incompetência humana. Entretanto, foi somente quando me deparei com as teorias e descobertas da evolução humana que me pareceu ter tocado nas reais causas de serem os humanos animais tão primitivos.
MUNDO RH – De executivo a autor de livro, como está sendo a experiência?
JORGE FORNARI – Deixar de ser executivo é como deixar o Olimpo e virar um pária na sociedade. Você simplesmente desaparece. Não lhe convidam mais para eventos, para proferir palestras, etc. Eu sinto que o livro está me trazendo algum reconhecimento, algum respeito. Na verdade estou surpreso pela quantidade de pessoas que carinhosamente está me apoiando e mesmo elogiando. Estou feliz pois acredito ter feito um bom trabalho.
MUNDO RH – De que maneira o livro busca influenciar e inspirar os futuros líderes?
JORGE FORNARI – A formação de líderes e de boas pessoas não necessariamente segue um mesmo caminho. O modelo capitalista sobre o qual nossas empresas estão alicerçadas não favorece uma ação humana e ecológica da qual podemos nos orgulhar. Eu gostaria muito que os lideres tivessem pelo menos a noção do estágio de permitividade em que estão de modo a decidir conscientemente sobre qual seria o melhor caminho a seguir.
Quais seus planos futuros?
JORGE FORNARI – Apaixonei-me pela história da terra – essa mãe que nos deu a vida- e do homem que surgiu dessa vida. Quero continuar lendo, aprendendo, escrevendo, falando e divulgando coisas que explicam a nossa essência. Assim, aguardem por novos livros.