Estimular hábitos saudáveis é um passo estratégico para a redução de custos
Os gastos com planos de saúde dos trabalhadores estão preocupando a maioria das companhias brasileiras. Levantamento da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos) e da Asap (Associação para a Saúde Populacional) mostra que os reajustes dos planos de saúde equivalem hoje de duas a três vezes o índice do IPCA.
“As empresas brasileiras transferem anualmente R$ 160 bilhões às operadoras de saúde”, aponta o médico Luiz Carlos Silveira Monteiro, presidente da ePharma e conselheiro da Asap. Ele explica que esses gastos são importantes para atender as demandas dos trabalhadores e familiares em períodos de doença, mas ressalta que as companhias precisam ampliar sua visão de gestão de saúde.
O executivo destaca que a maioria das companhias ainda preserva uma cultura focada na doença. Para ele, os gastos com planos de saúde podem ser reduzidos adotando uma gestão centrada no estímulo à saúde dos colaboradores. “Esse modelo, conhecido como Gestão de Saúde Populacional, começa com um mapeamento de todo o seu público, detalhando o perfil de risco e demandas particulares”, esclarece.
As companhias precisam estruturar sua gestão para incorporar as necessidades levantadas no diagnóstico e nas características culturais da corporação. Segundo o conselheiro da Asap, esses levantamentos mostrarão que 20% dos usuários consomem 80% dos recursos da área. Monteiro explica que a identificação desse público vai contribuir para a criação de programas de promoção e prevenção à saúde: “isso vai diminuir significativamente os custos com operadoras de saúde”.
Com os dados à disposição, será possível estabelecer programas para grupos específicos, promovendo o bem-estar. “Nossa experiência mostra que para fumantes, obesos e sedentários, além dos doentes crônicos, um modelo eficaz traz resultados significativos, melhorando inclusive o desempenho do colaborador”, orienta o médico. Ele lembra ainda que mesmo a população saudável deve receber atenção, estimulando a manutenção da qualidade de vida.
Para Monteiro, essas mudanças na gestão de saúde das companhias podem render outros frutos. Os resultados têm forte potencial para influenciar até mesmo os familiares. “Estimular hábitos saudáveis é um passo estratégico não apenas para redução de custos, mas para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, afirma.