Embora o conhecimento técnico siga muito valorizado, são as competências socioemocionais que definem quem é realmente essencial para uma organização. A boa notícia é que elas podem ser aprendidas.
Lívia Felizardo – Diretora de Produtos Educacionais da Vivae, aplicativo de cursos para o mercado de trabalho
Por muito tempo, as habilidades técnicas dominaram o mercado de trabalho, especialmente nas primeiras ondas de aprendizado organizacional. Na era da produção industrial, a proficiência em processos era essencial. Mas os avanços tecnológicos trouxeram o foco para o conhecimento em projetos e gestão.
Com a disrupção tecnológica e a aceleração da transformação digital, o aprendizado autônomo tornou-se crucial. Hoje, duas habilidades se destacam nesse cenário: a capacidade de se adaptar rapidamente às mudanças e a capacidade de analisar cenários. Afinal, os cenários são alterados pelo comportamento das pessoas, que são as consumidoras de produtos e serviços.
Estamos vivendo a era das soft skills, que se consolidou ainda mais no mundo pós-pandemia. Dominar essas habilidades socioemocionais, que aprimoram as relações interpessoais e facilitam a resolução de problemas, é essencial tanto para ingressar no mercado de trabalho quanto para construir uma carreira bem-sucedida.
Pesquisa recente da CashNet EUA revelou que, entre mais de 17 milhões de empregos anunciados em uma plataforma de vagas, dez soft skills se destacaram como as mais demandadas por empregadores: pensamento estratégico, negociação, persuasão, habilidades de apresentação, pensamento crítico, mentoria, inteligência emocional, inovação, gestão financeira e resiliência.
Mais do que garantir uma contratação, as soft skills definem quem é realmente essencial em uma organização. Um estudo da consultoria de Recursos Humanos Michael Page indica que nove em cada dez profissionais são contratados por suas habilidades técnicas, mas demitidos devido à falta de habilidades comportamentais.
Essa tendência não se limita a áreas específicas ou fases da carreira. As soft skills são relevantes para todos os profissionais, em todas as etapas de sua trajetória. Elas ativam atitudes e ações que geram os melhores resultados, seja na superação de metas ou na resolução de conflitos e desafios diários.
A boa notícia é que as soft skills podem ser aprendidas e aprimoradas. Embora pareçam naturais para algumas pessoas e um desafio para outras, são habilidades com as quais todos podem trabalhar. É possível desenvolvê-las continuamente por meio de livros, cursos, podcasts e mentorias. Além disso, elas podem ser aprimoradas por meio de interações com outras pessoas e pela prática diária. É na aplicação, no processo de errar e aprender novamente, que o aprendizado se consolida.
Diversas situações exigem soft skills, colocando-as à prova. Por exemplo, ao resolver problemas em projetos, o pensamento estratégico é fundamental para visualizar o panorama geral, segmentar desafios e encontrar soluções. Em uma reunião, ao defender uma ideia, a comunicação eficaz é essencial para entender os interlocutores e transmitir a mensagem com clareza. A inteligência emocional também desempenha um papel crucial permitindo enfrentar situações caóticas com equilíbrio, gerenciar o estresse e manter o foco nos objetivos.
Em suma, as soft skills são essenciais para nosso crescimento tanto em projetos pontuais quanto em nossa carreira, pois nos ajudam a pensar e agir de forma mais positiva e produtiva. Mas, em um mundo cada vez mais interconectado, desenvolver essas competências é um investimento que vai além do mercado de trabalho. Habilidades como empatia, comunicação eficaz e resiliência facilitam a construção de relacionamentos mais sólidos e saudáveis, além de ajudar a enfrentar desafios do cotidiano com maior equilíbrio e confiança, abrindo caminho também para um crescimento pessoal contínuo.