Estudo da Afferolab mostra como o modelo baseado em competências está redefinindo as regras da empregabilidade, liderança e evolução profissional no Brasil.
O mercado de trabalho brasileiro está deixando para trás a lógica tradicional baseada em cargos, títulos e tempo de casa. A nova moeda de valor são as habilidades — especialmente as socioemocionais, que vêm ganhando destaque frente a diplomas acadêmicos e experiências formais.
Essa transformação é o foco do estudo “Mind the Soft Gap – o novo valor do trabalho”, desenvolvido pela Afferolab, consultoria referência em aprendizagem corporativa, com apoio técnico da PEZCO Economics. A pesquisa ouviu mais de 400 líderes de empresas de diversos setores e analisou dados da RAIS (do Ministério do Trabalho e Emprego) entre 2018 e 2023.
O resultado? O modelo skill-based deixou de ser tendência para se tornar a nova realidade das empresas brasileiras.
“Estamos diante de uma mudança estrutural. A lógica sequencial de estudar, formar-se e trabalhar já não é suficiente. O comportamento, a adaptabilidade e a fluência digital passaram a ser critérios centrais na projeção de carreira”, destaca Alessandra Lotufo, sócia e Managing Director da Afferolab.
Competências ganham protagonismo
Segundo o estudo, competências comportamentais, estratégicas, executoras e sistêmicas estão sendo cada vez mais valorizadas em todos os níveis hierárquicos — dos operacionais aos cargos de liderança.
A antiga associação entre diploma e cargo está sendo substituída pela capacidade de atuação em cenários dinâmicos, complexos e tecnologicamente intensivos. O profissional ideal não é mais aquele com o currículo mais robusto, mas sim aquele que demonstra inteligência emocional, pensamento crítico, agilidade de aprendizagem e visão sistêmica.
Novos líderes, menos tempo de casa
A pesquisa também identificou o crescimento expressivo de jovens líderes no país. Executivos com menos de 35 anos estão assumindo posições de chefia em ritmo acelerado, com destaque para o Norte (+75,9%), Sul (+70,4%) e Sudeste (+67,4%).
Isso revela um cenário em que a senioridade tradicional cede espaço à competência comprovada por resultados e habilidades práticas. O tempo médio de permanência nas empresas também caiu — vínculos de até dois anos se tornaram cada vez mais frequentes, demonstrando a fluidez e a reconfiguração das jornadas profissionais.
“Vivemos uma verdadeira transição geracional e estrutural. Hoje, o RH precisa estar preparado para desenvolver competências transversais que preparem os talentos para liderar em contextos imprevisíveis”, afirma Alessandra.
Requalificação e risco de exclusão
Apesar dos avanços, o estudo aponta um alerta importante: o aumento do número de profissionais com ensino médio completo como requisito básico para inserção em setores mais organizados também reforça o risco de exclusão social para quem ainda não alcançou esse patamar. A recomendação é clara: é urgente investir em programas de requalificação e educação técnica que combinem reforço escolar e desenvolvimento de soft skills.
Além disso, houve crescimento no número de vínculos em altos cargos e setores de alta intensidade tecnológica, sugerindo que o país caminha para uma maior sofisticação econômica. Nesse cenário, emerge um novo perfil: a classe média técnica, que foca sua qualificação em áreas operacionais com alto grau de tecnologia, não mais apenas em funções gerenciais.
O RH como protagonista da transformação
Para os especialistas, a ascensão do modelo skill-based desafia as empresas a reconhecerem e validarem habilidades humanas com a mesma agilidade que lidam com dados e KPIs. Trata-se de um equilíbrio entre humanização e performance, entre comportamento e entrega — e o RH é peça central nessa equação.
“O desenvolvimento contínuo — o upskilling — já não é um diferencial. É uma urgência. E quem não acompanhar essa transformação corre o risco de ficar para trás”, finaliza Alessandra.
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