Muitas iniciativas já foram implementadas e existem resultados comprovados de sua efetividade
Dia 28 de junho é o prazo final para que um grupo de trabalho, formado pela Comissão de Política Urbana, Metropolitana e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo e representantes da sociedade civil e empresarial, apresentem a primeira proposta para um projeto de lei de incentivos fiscais para as empresas que aderirem ao teletrabalho em São Paulo. A meta é enviar a proposta final para a sanção do poder executivo até o dia 12 de dezembro.
A mobilização visa dar um novo olhar à política atual de incentivo fiscal do município, fazendo com que o benefício seja vinculado ao trabalhador que não se deslocou e não à construção de uma planta industrial em territórios da capital. O teletrabalho, que engloba o home based* e o home office, é uma tendência mundial que ganha cada vez mais força. Muitas iniciativas já foram implementadas e existem resultados comprovados de sua efetividade, tanto para a empresa que adota essa cultura quanto para o colaborador. *Leia-se home based: trabalho remoto realizado com ferramentas tecnológicas, pelas quais a empresa pode acompanhar o trabalho à distância, com sistemas de segurança para o funcionário e o empregador.
Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido lideram em número de profissionais trabalhando nesse modelo. No Brasil, São Paulo é a cidade que sai na frente, com o trabalho remoto como alternativa parcial ou integral. Uma pesquisa realizada a cada dois anos pela SAP, consultoria brasileira especializada em RH, mostrou um aumento de 50% no número de empresas brasileiras que aderiram ao trabalho de casa, e 28% na formalização da prática de forma geral, em comparação à anterior.
Como exemplo dessa tendência, a Automattic, empresa dona da plataforma de blogs, WordPress, fechou seu escritório em São Francisco, na Califórnia, que já era um espaço opcional de trabalho, porque os colaboradores não apareciam por lá e manter o espaço não fazia mais sentido. Hoje, funciona em home office integral com apenas duas reuniões globais por ano, onde todos os colaboradores se encontram. A cultura da empresa para o trabalho remoto já é tão enraizada que a equipe recebe até 250 dólares por mês para usar em espaços de coworking, além do patrocínio na compra de computadores e até café, caso o trabalho seja realizado em cafeterias, por exemplo.
Um exemplo no Brasil é a NET, que começou a atuar nesse modelo e conseguiu resultados tão animadores que hoje já são mais de 70 colaboradores trabalhando em casa.
Para que seja uma boa alternativa, no entanto, é preciso entender a realidade da empresa e de seus colaboradores, se o negócio permite que as entregas sejam realizadas sem a necessidade da presença física em um local específico e se os colaboradores se adaptam a trabalhar longe da equipe, como é o caso da Automattic e da NET.
Também é importante, tanto a empresa quanto o colaborador, se atentarem a questões referentes ao espaço de trabalho em casa, como: iluminação adequada do ambiente; disponibilidade de ferramentas necessárias (acesso à internet, computador, impressora, sistemas de gestão online, etc.); regras de convívio com outras pessoas da casa, além de horários bem determinados de tarefas profissionais e pessoais.
Ainda tem dúvidas de que o trabalho remoto, mais do que uma tendência, já é uma realidade? Então, confira alguns benefícios que tornam esse modelo uma possibilidade do presente e não do futuro!
1 – Tempo: o deslocamento consome boa parte do dia de muitas pessoas e isso impacta diretamente na produtividade e na qualidade de vida dos colaboradores que, trabalhando em casa, podem usar esse tempo extra para descanso, lazer, família ou atividades físicas.
2 – Espaço: com colaboradores em casa, o problema de espaço físico, que é muitas vezes um fator limitante para o crescimento da empresa, é resolvido.
3 – Redução de custos: além de economizar espaço físico, o trabalho retomo é uma excelente alternativa para reduzir custos que afetam bastante o resultado das empresas, como água, energia, transporte e aluguel.
4 – Produtividade: em alguns casos, trabalhar em casa possibilita que o colaborador adapte seus horários de acordo com o período em que se sente mais produtivo. Também é possível focar em tarefas importantes sem distração de colegas e conversas paralelas.
5 – Qualidade de vida: com mais tempo para a família e atividades pessoais, alimentação caseira e sem o estresse do trânsito, a qualidade de vida melhora consideravelmente.
6 – Sustentabilidade: o modelo de trabalho também entra como solução de mobilidade sustentável, reduzindo o número de pessoas no trânsito e, consequentemente, a emissão de CO2.
Por Ale Bichir, CEO na Mutant, empresa brasileira que atua em Customer Experience