Por Thomas Gautier, CEO do Freto
Querida Geração Z, hoje é dia de papo reto (ou PPRT) como gostam de dizer. A pandemia provavelmente é um dos maiores pontos de virada a que vocês assistiram na vida das empresas até agora.
O detalhe, porém, é que a extensão e o impacto do evento esconderam um fato importante: diferentes empresas já vinham mudando de forma acelerada antes disso.
Para vocês terem uma ideia, só nos cinco anos que antecederam a chegada do vírus, entre 2015 e 2019, o Brasil havia triplicado a sua quantidade de startups, alcançando mais de 12 mil novos negócios de inovação no período, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Todos liderados de alguma forma por gente que estava insatisfeita com a maneira como as coisas aconteciam no planeta.
As grandes corporações também embarcaram nessa. Os investimentos que fizeram nas empresas em estágio inicial chegaram a bater recordes e logo se consolidaram como cultura no país.
As soluções que nascem não são apenas inéditas e puramente tecnológicas. Elas influenciam a sociedade na maneira de consumir, trabalhar, entreter e marcar presença no mundo. Impactam hábitos, acesso a serviços e a relação entre as pessoas.
Apesar da frieza digital, existe algo muito forte nessa transição: o componente humano.
Se no passado as organizações focavam em produtos, mecanização, venda e preço, com o passar das décadas elas expandiram sua atenção. Atualmente, se atentam ao conforto da experiência de marca e investem, por exemplo, na escuta de colaboradores e clientes, olham para a saúde mental do time e incentivam a diversidade – além disso, levam em consideração a sensação de pertencimento à marca.
As empresas descobriram as razões de existir e de contribuir. Enxergaram propósitos que vão além do consumo infinito e da venda a qualquer custo. Olha que curioso: mais uma vez, estamos falando de pessoas. Ao mesmo tempo em que investiam em tecnologia e perseguiam o autônomo e o digital, as empresas passaram a se reconhecer cada vez mais humanas.
Viram-se dependentes das habilidades cognitivas, emocionais, do diálogo, do feedback e da colaboração que só os indivíduos possuem.
E por que estou falando sobre isso? Porque no debate sobre home office, presencial ou híbrido, um dos principais argumentos para se trabalhar à distância é que ainda assim é possível garantir prazos, produtividade e entregas em alto patamar.
A questão, no entanto, é que dentro do nível de maturidade que as companhias atingiram, muitas delas deixaram de ser somente números. Mudaram. Seu movimento é cérebro e coração.
Fora das planilhas, são as pessoas que lideram o crescimento das empresas – e tudo isso acontece por meio de habilidades que melhor se manifestam presencialmente, de comportamento, relacionamento, entrosamento e conexões. Tanto quanto no grau técnico, sobressaem-se por atitudes, pela forma com que se preparam e se posicionam.
Os talentos das companhias se revelam, são escolhidos e se assumem como líderes da transformação a partir dessa pluralidade de fatores. Uma gama de qualidades técnicas e, antes de tudo, humanas, que nos permitem trazer outras pessoas ao nosso lado, aperfeiçoar ideias e encontrar as melhores soluções.
Há alguns meses, uma pesquisa da Deloitte mostrou que mais de 70% dos brasileiros da Geração Z trocariam de emprego caso seu trabalho voltasse a ser totalmente presencial. Embora cada empresa e profissional reconheça suas próprias necessidades, por que se afastar tanto?
Afinal, seja no home office, no presencial ou no híbrido, o contato próximo e humano é um dos nossos maiores diferenciais para crescer e fazer a diferença. Pensem com carinho. Tamo junto!