É preciso uma cultura que valorize o talento para níveis de performance cada vez maior no mundo corporativo
Ambiente competitivo, cada vez mais acirrado, confrontos diretos de mercado, mudanças que modificam o padrão de comportamento das pessoas em todos os níveis, empresas de todos os tamanhos precisando realizar manobras rápidas.
De tanto correr, nos esquecemos, por vezes, de reconhecer os fatores realmente críticos do caminho. De repente, somos um conjunto de profissionais preparados, com competências extraordinárias para entregar resultados frente a projetos, vendas complexas, ambientes nervosos e tantos desafios grandiosos. multilíngues, MBAs renomados, repertório rico de experiências que alicerçam perfis quase irretocáveis, perfis comportamentais focados em alta performance.
Tenho encontrado executivos, diretores, empresários e colaboradores com dificuldade de gerar conexões afetivas e efetivas com sua equipe. Líderes que decidem sozinhos e utilizam a equipe apenas para executar suas ideias. Ambientes de profundo desperdício de talento, líderes que centralizam a gestão, incapazes de criar conhecimento, compartilhar decisões, escutar diversos pontos de vista, valorizar movimentos de inovação, empoderar equipe. Estamos falando de líderes de alta performance, grandes profissionais, resultados expressivos, metas alcançadas, ascensão profissional, mas falta algo.
Estamos falando de pessoas que têm cem por cento para entregar e só conseguem entregar sessenta, devido à arquitetura organizacional e de cultura da empresa. Movimentos maciços de formação das pessoas acontecendo nas empresas, os cem por cento se tornam cento e vinte, mas os líderes continuam utilizando apenas sessenta. Eis um desafio.
Cultura que valorize o talento para níveis de performance cada vez maior apontam para um tema ainda pouco trabalhado no mundo corporativo: humildade. Jim Collins afirma que a humildade é a mais importante característica dos líderes de Empresas que mantêm resultados duradouros, portanto, não se trata de assunto emergente. Mesmo assim, ainda é comum nos deparamos com culturas que ainda estimulam, consciente ou inconscientemente, o que podemos chamar de vaidades hierárquicas.
Quando falamos de humildade nas empresas estamos falando de modelagem cultural. Mais do que contratar uma formação de líderes ou uma consultoria de gestão, faz-se mister a implantação de um movimento de modelagem de cultura que sistematize intervenções de consultoria e treinamentos, de forma a gerar impacto nas crenças, valores e comportamento da organização.
Não existem fórmulas para modelar culturas, mas existem alguns elementos essenciais. Desde despertar um propósito coletivo forte, estimular afetividade no ambiente de trabalho, por meio de práticas como empatia, gratidão, cocriação, conduzindo líderes e colaboradores por caminhos de autodescobrimentos reais, fortes e realmente impactantes.
Em um mundo que exige dos profissionais de Gente e Gestão cada vez mais posturas analíticas, imprescindível perfil, não podemos nos esquecer de que performance é consequência de uma equipe entusiasmada e preparada. Utilizando o gancho do excelente livro do Márcio Fernandes, felicidade dá lucro, podemos afirmar, com toda certeza, que Humildade dá Lucro.
Por Diogo Veloso, sócio-diretor da Aika Empresarial