Praticar a segurança do trabalho é ir muito além do simples cumprimento da legislação pertinente
É zelar pela integridade física e mental de todos que estão presentes em um espaço comum, aplicando a principal e a mais importante medida de controle contra os acidentes e as doenças relacionadas ao trabalho. E pasmem, não estamos falando do uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), prática tão difundida e associada como única forma de proteção, mas sim do engajamento dos trabalhadores, gestores de área e da Cipa, a fim de transformar a segurança do trabalho em um valor, como já ocorre nas demais áreas de uma organização, em que a participação é coletiva, horizontal, e não tomada apenas por conhecimentos técnicos.
Lidamos com números assustadores. Por exemplo, mais de 2,7 milhões de trabalhadores mortos por ano em virtude de acidentes e doenças decorrentes do trabalho. Só no Brasil esse número correspondeu, no ano de 2015, a 612.632 acidentes de trabalho, considerando-se todos os tipos previstos em lei: os típicos, os de trajeto, os que geraram óbito ou ainda as doenças com ou sem afastamento.
O PIB global é impactado em quase 4%, o que representa 2,99 trilhões de dólares por ano investidos em remediações de acidentes e doenças do trabalho. E os números não param por aí: só na Justiça do Trabalho brasileira, 11 mil novas ações trabalhistas ocorrem por dia e são gastos, desnecessariamente, 80 bilhões de reais.
Para que essa mudança se concretize, os profissionais da segurança do trabalho, como engenheiros e técnicos em segurança do trabalho, precisam deixar de lado o perfil de fiscalizador e aplicador de Normas para se transformarem em um gestor de bem-estar e pensar de forma estratégica, resolvendo conflitos e problemas, aprendendo com as diferenças e mostrando resultados com os recursos disponíveis e utilizados. Devem ainda estar em constante atualização, pois se trata de uma área extremamente dinâmica, com novas regras, formas e visão do mercado de trabalho conectando as competências técnicas de máquinas, equipamentos, processos de trabalho com às relacionadas as pessoas.
Implantar e manter a segurança do trabalho com o auxílio desses profissionais em qualquer tipo de organização, independentemente da quantidade de trabalhadores ou ainda do ramo de atividade, favorecerão a diminuição ou ainda a erradicação desses números, passando a ser um hábito e não uma mera obrigação a ser cumprida.
Por Fernanda Miller, docente do curso Técnico em Segurança do Trabalho no Senac Jabaquara