A inovação nas empresas: como transformar erros em oportunidades para o crescimento e adaptação em um mercado dinâmico.
Colunista Mundo RH, Lilian Giorgi, sócia-diretora de recursos humanos na A&M
No ambiente de negócios competitivo e em constante mudança, a inovação se tornou um dos pilares para garantir a sobrevivência e o crescimento das organizações. No entanto, muitas vezes o caminho para inovar é pavimentado a partir de erros e acertos. A forma como uma empresa lida com esses erros pode ser o diferencial entre estagnação e inovação.
Um dia perguntaram a Michelangelo como ele teria criado a escultura de Davi, uma de suas obras mais importantes e certamente um dos maiores símbolos do renascentismo. “Simples. Apenas tirei tudo o que não era Davi”, respondeu.
Essa resposta, em poucas palavras, é por si só um dos melhores e mais verdadeiros princípios da inovação. E eu a trouxe de exemplo para falar sobre a cultura de aceitação do erro. Estamos falando do conhecimento pela via negativa, pela renúncia, pela exclusão. É muito raro que tenhamos planos e respostas para tudo, mas é quase certo que sabemos aquilo que não funciona, o que não nos interessa ou o que não nos inspira.
O primeiro passo para utilizar o erro como ferramenta de inovação é criar uma cultura que aceite e valorize as falhas como parte natural do processo criativo. Organizações inovadoras, como as grandes empresas de tecnologia, entendem que a experimentação é essencial para descobrir novas soluções e, com isso, aceitam que erros ocorrerão ao longo do caminho. Para tal, é importante que os líderes deem exemplo, demonstrando que errar não é fracasso, mas uma oportunidade de aperfeiçoamento.
Ao inovar ocorre a mesma coisa. A gente tem um norte, experimenta, reduz, exclui, simplifica e, em algum momento, aparecem as respostas, os caminhos se iluminam e as inovações surgem. Cada erro traz consigo uma lição. Porém é preciso diferenciar os erros experimentais dos operacionais. O primeiro faz parte do processo criativo e de inovação e são, inclusive, necessários para se chegar à fase das lições aprendidas. Se não tivermos essa liberdade, o processo terminará nele mesmo. No entanto, isso não significa permissividade para os erros operacionais ou processuais, que são inerentes à intervenção humana, mas podem ser minimizados e mitigados através de organização, treinamentos, protocolos e uma série de outras ferramentas existentes.
Então você se pergunta: qual é o ponto comum entre ambos? A oportunidade de termos lições aprendidas! Embora os erros operacionais possam gerar consequências eventualmente negativas, não podemos deixar de usar acontecimentos infelizes para revermos os nossos processos de execução. Uma inovação acompanhada de uma execução impecável pode emplacar grandes sucessos.
Ao analisar as falhas de forma construtiva as empresas podem identificar as causas subjacentes e o que pode ser ajustado no futuro. A chave está em transformar o erro em feedback prático. Organizações que inovam com base no erro utilizam metodologias como o fail fast (falhar rapidamente), cujo foco está em testar hipóteses o mais rápido possível, aprendendo com os erros iniciais para ajustar as soluções. Logo, o importante é adotar uma abordagem de aprendizado contínuo, no qual cada erro é uma fonte de informação valiosa para inteirar, melhorar e testar novamente.
Ao adotar essa prática de experimentação contínua os erros servem como trampolins para a inovação, ajustando rapidamente o que não funcionou e buscando alternativas mais eficazes. Muitas inovações um dia também foram questionadas e colocadas em descrédito. “Eu acredito no cavalo. O automóvel é um fenômeno temporário”, chegou a dizer certa vez o Imperador Guilherme II da Alemanha.
Se queremos inovar, precisamos quebrar muros. Não me refiro a criar um ambiente com vídeo games, salas de jogos, paredes coloridas com acessórios descolados. Quase nada surgiu disso na história da inovação. Não há necessidade dessa roupagem.
Apenas se concentre no processo, na experimentação e no ensaio. A partir disso, realize uma prática poderosa que permite às pessoas e/ou empresas se manterem competitivas e ágeis em um mundo em constante mudança.
A verdadeira inovação acontece quando as empresas reconhecem que os erros não são obstáculos, mas oportunidades de crescimento e transformação. Ao abraçar as falhas como parte do processo criativo, podemos descobrir novas soluções, melhorar as operações e continuar avançando rumo ao futuro. E aí? Está disposto a começar a inovar?