É hora do gestor de RH assumir o “supply chain” da saúde
Ainda é pouco o tempo que as empresas dedicam para discutir questões relativas aos custos de saúde de seus colaboradores e dependentes. A verdade é que, quase sempre, este tema se restringe a saber qual foi o aumento dos planos de saúde ou qual o aumento decidido junto ao sindicato. Os gestores, quase sempre muito qualificados em sua área de eficácia, encaram aumentos do plano de saúde como se fosse “pagar impostos ou morrer”.
As empresas precisam encarar o custo na saúde de maneira estratégica e enxergar seu real impacto nos negócios: ele é o segundo maior custo de uma companhia, perdendo apenas para a folha de pagamento, e nunca regride! O Brasil vai gastar em 2015 mais de 10% do PIB com saúde e quem fica com a maior parcela dessa conta é o setor privado, que banca R$6 a cada R$10 investidos na área e esse número não vai parar de crescer já que o VCMH (índice setorial publicado pelo IESS, entidade do setor) aponta como previsão para 2015 um acréscimo na faixa de 18% sobre os custos com saúde. Isso, sem falar em Fator Acidentário de Prevenção (FAP).
Um dos alicerces para que se consiga atingir o patamar da eficiência, está no investimento em RH. Segundo levantamento encomendado pela KPMG, apenas 23% dos executivos consultados disseram que os RHs de suas empresas se destacavam por elaboração de análises corretas e capazes de prever situações futuras. Esse quadro precisa ser alterado e está diretamente ligado ao custo da saúde.
Segundo Fábio Diogo, diretor comercial e de marketing da Gesto Saúde e Tecnologia, a área de recursos humanos é a de menor investimento tecnológico. Em sua maioria, os profissionais cuidam do assunto saúde em planilhas de excel, com dados das operadoras contratadas, que por sua vez recebem informações das redes credenciadas. Mas, esses dados não são integrados e, dessa forma, não permitem análise rápida para a avaliação da cadeia e do retorno de investimento (ROI) dos programas de saúde e para a rápida tomada de decisão.
Nesse sentido, gerenciar a saúde sem o auxílio da tecnologia é como dirigir usando apenas os retrovisores, olhando para o passado. Já com a inteligência aplicada aos dados é possível, além de considerar o passado, identificar com clareza o que vai acontecer no futuro. Ou seja, abre-se um grande para-brisa para enxergar o que vem pela frente e para atuar em um modelo integrado de gestão de saúde, segurança e qualidade de vida corporativa. Com isso, pode-se alocar recursos de forma mais adequada e eficiente, reduzindo custos desnecessários e gastos com o plano de saúde.
E, consequentemente, a área de RH é vista como estratégica, pois passa a reduzir custo em uma área que não barateia nunca. Sob esse prisma, fica claro que é hora do gestor de RH assumir o “supply chain” da saúde. Não existe mais tempo ou dinheiro disponível para que um gestor veja a distância uma operação tão complexa e custosa.