Especialista destaca os impactos da IA na seleção de talentos e reforça a importância do fator humano para um recrutamento mais justo e inclusivo.
A Inteligência Artificial (IA) vem revolucionando o mercado de trabalho e, em especial, os processos seletivos. Empresas de diferentes segmentos já utilizam algoritmos para otimizar o recrutamento, aumentando a agilidade e a precisão na busca por candidatos. No entanto, os desafios dessa tecnologia ainda geram debates sobre viés, inclusão e a necessidade do olhar humano na tomada de decisão.
Para compreender melhor essa realidade, conversamos com Kelly Amorim, gerente de desenvolvimento organizacional da Premium Essential Kitchen. Especialista na área, ela compartilha sua visão sobre os benefícios da IA, as limitações do modelo atual e as tendências para os próximos anos.
A agilidade da tecnologia no recrutamento
A principal vantagem da IA nos processos seletivos é a rapidez. Segundo Kelly, a tecnologia tem sido uma aliada valiosa para as empresas. “A Inteligência Artificial ajuda muito na contratação, tornando os processos mais rápidos e eficientes. Ela é capaz de identificar habilidades e filtrar candidatos com maior precisão”, explica.
Porém, apesar dos avanços, a gerente reforça que a IA ainda não consegue captar aspectos fundamentais para uma contratação assertiva. Valores pessoais, traços de personalidade e afinidade com a cultura organizacional continuam sendo desafios para a tecnologia. “A seleção vai além das competências técnicas. O olhar humano é essencial para garantir um recrutamento mais completo”, destaca Kelly.
A precisão da IA e os riscos de viés
Os algoritmos de IA analisam currículos, avaliam padrões de desempenho e até conduzem entrevistas digitais. Essas funcionalidades permitem processos mais rápidos e personalizados, mas também levantam questões sobre vieses inconscientes que podem comprometer a inclusão.
“Muitos sistemas de IA aprendem a partir de bases de dados que refletem padrões históricos de contratação. Se esses padrões forem excludentes, a IA pode reproduzir as mesmas falhas e reforçar desigualdades”, alerta Kelly. “Por isso, é fundamental monitorar e ajustar os algoritmos para garantir processos mais justos e diversos”.
Na Premium Essential Kitchen, a tecnologia é utilizada para otimizar o recrutamento, mas não substitui a interação humana. Como exemplo, Kelly destaca uma estratégia inovadora adotada pela empresa: um recrutamento feito diretamente nas ruas. Com o uso de um carro de som, gestores foram até locais de grande circulação para divulgar vagas e conversar diretamente com possíveis candidatos.
“Foi uma forma de equilibrar tecnologia e humanização. Nem sempre os melhores talentos estão nas plataformas digitais. Ir até onde eles estão é uma maneira de ampliar a diversidade e promover oportunidades reais”, enfatiza.
Tecnologia e o fator humano: um futuro complementar
O grande desafio do uso da IA no recrutamento é encontrar o ponto de equilíbrio entre tecnologia e humanização. Kelly defende que a revisão humana é indispensável para evitar discriminações e viabilizar um processo seletivo mais justo.
“A tecnologia deve ser uma ferramenta de apoio, não um fator decisivo isolado. As escolhas finais precisam considerar as interações humanas, pois a IA, por mais avançada que seja, não capta todas as nuances de um candidato”, destaca.
Tendências: o que esperar do recrutamento com IA?
As tendências apontam para uma evolução no uso da IA, com foco na personalização e na experiência do candidato. Kelly acredita que a tecnologia se tornará ainda mais intuitiva, oferecendo feedbacks detalhados e interações automatizadas mais humanas.
Outro ponto de avanço é a capacidade de identificar soft skills, como habilidades comportamentais e emocionais. No entanto, mesmo com essas melhorias, Kelly reforça que a decisão final continuará sendo das pessoas. “A IA ajuda, mas não substitui a análise humana. O recrutamento ideal será aquele que une eficiência tecnológica com um olhar atento e sensível para cada candidato”, conclui.
O futuro da seleção de talentos passa pela tecnologia, mas nunca sem perder de vista a importância do fator humano. Em um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico, a integração entre IA e pessoas será a chave para um recrutamento mais inclusivo e eficiente.