A pandemia proporcionou uma maior normalização de se trabalhar os aspectos emocionais no cotidiano
Colunista Mundo RH – Heloisa Ramos – Chief Human Resources Officer da Certsys
É comum, nas viradas de ano, a cor branca ser eleita como vestuário total ou parcial de muitas pessoas para a comemoração do réveillon. A cor, que costuma ser atribuída à paz, também foi eleita para evidenciar a importância de se falar do tema de saúde mental.
Talvez você ainda não saiba, mas o autor do movimento Janeiro Branco é Leonardo Abrahão, psicólogo e palestrante, que a partir de uma experiência pessoal, quando estava deitado em sua cama olhando para o teto em branco, gerenciando uma angústia atrelada a incertezas do seu futuro profissional, identificou a necessidade de evidenciar conversas de conscientização de saúde mental. Ele mesmo menciona que “precisamos de mais janeiros brancos, para termos menos setembros amarelos!”
A campanha, que é considerada plural, aberta, inclusiva e laica, completou 10 anos e, inclusive, já ultrapassou as fronteiras do Brasil, e nos convida sempre a pensarmos de maneira prática em como identificar e gerenciar as nossas emoções.
Escrevendo parece ser fácil, mas na prática não temos uma cultura que nos estimula a trabalhar o aprendizado dos sentimentos, e muitos de nós seguimos como analfabetos emocionais. Não fomos ensinados nas escolas, por meio de aulas ou disciplinas educacionais, a identificar as emoções e a como reagir a elas.
A pandemia proporcionou uma maior normalização de se trabalhar os aspectos emocionais no cotidiano, e as empresas que não tinham essa mentalidade passaram a incentivar alguns cuidados importantes. Na Certsys, por exemplo, o acompanhamento psicológico está entre os itens do nosso pacote de benefícios. Além disso, para não cair em esquecimento, essas pautas que são tão urgentes, foram tema de discussões, encontros e palestras no ano passado, aqui na empresa.
Fico feliz com o aumento da adesão às sessões de terapia por parte das pessoas. Como psicóloga de formação, sou uma incentivadora ativa da busca do autoconhecimento, acredito que a clareza do mapa das nossas emoções, ações e reações nos preservem a saúde mental. Ter um profissional capacitado para conduzir esse trabalho é muito bom, mas caso você não tenha condições de ser acompanhado por um especialista, se cerque de pessoas que você confia para compartilhar suas emoções e, em especial, recomendo que exercite o hábito de dialogar consigo mesmo e tentar identificar o porquê das suas emoções. Ao identificar a emoção e tentar descobrir seus motivos, você passa a questionar crenças que podem ser limitantes e a revisão desse ciclo pode te libertar de processos tóxicos.
No ambiente de trabalho, é fundamental monitorar se você não entrou no piloto automático e se parou de se questionar o porquê faz, o que faz e o como faz. Ao realizar esse processo de reflexão, você consegue transpor a limitação do papel de coadjuvante, de vitimização, e passa a repensar formas e atitudes de atuar como protagonista da mudança que você deseja para sua carreira.
E mesmo que você não tenha escolhido a cor branca para passar o seu réveillon, adote a campanha e usufrua dessa grande tela em branco que é o simbolismo do mês de janeiro para pintar sua tela com as cores e formas que te permitam uma vida mental mais saudável e uma versão sua ainda melhor!