O avanço da tecnologia e os novos modelos de trabalho impulsionaram a evolução para o RH 4.0. Além disso, a companhia instituiu um projeto com Inteligência Artificial para iniciar processo de seleção de talentos
A John Deere acaba de incluir novos processos e novas tecnologias na área de Recursos Humanos para digitalizar e automatizar o setor, dentro conceito do RH 4.0. A empresa tem olhado para o desenvolvimento de HR Capabilities que se enquadrem nos novos cenários do trabalho do futuro. Com isso, após testes nos Estados Unidos, está sendo iniciado na América Latina o projeto “Elevate”, uma ferramenta que utiliza inteligência artificial e que permite uma gestão de pessoas mais efetiva, com mais agilidade, autonomia e inovação, e ainda estimula a diversidade, equidade e inclusão dentro da companhia.
As diretrizes criadas para o projeto têm o objetivo de reduzir o tempo de contratação em 40%, com mais eficiência e dinamismo nas fases do processo seletivo. “Se houver um interesse imediato e significativo do candidato e da empresa, essa estratégia permite que o processo avance de maneira muito mais rápida e eficaz. A primeira etapa das entrevistas é realizada ‘às cegas’, uma forma de garantir que o processo não sofra nenhum tipo de interferência e que os recrutadores não façam distinção, mesmo que inconsciente, colaborando assim para o aumento da diversidade dentro do quadro de funcionários”, afirma Wellington Silvério, diretor de Recursos Humanos da John Deere para América Latina.
Foi necessário utilizar uma outra metodologia e passar por uma transformação de mentalidade para chegar a essa nova rotina. O processo se deu a partir da constante utilização da conectividade, automação e inteligência artificial para melhorar o desempenho dos processos de gestão. “Sentimos que precisávamos investir na educação e na mudança de mindset da comunidade de RH da América Latina, onde o novo modelo de atuação requer pensamento disruptivo, experimentação, maior protagonismo e autonomia para romper silos departamentais, gerando um ambiente de trabalho em rede mais colaborativo”, relata Silvério.
A partir novos conceitos estabelecidos em uma cultura de transformação digital nos últimos anos, a John Deere buscou desenvolver uma nova mentalidade. Era fundamental adquirir um mindset articulado e implementar frameworks ágeis, como Kanban e Scrum, além de outros sistemas como gestão por OKRs e utilização de ferramentas para inovação, como Design Thinking e Lean Inception.
“Nesse sentido, foi essencial trazer a metodologia de Foresight, que significa ‘Prospecção de Futuro’, ou seja, criar o futuro desejado a partir de uma visão clara e inspiradora que sustente o sucesso do negócio a longo prazo”, explica o diretor. Esse sistema considera a lógica de olhar para três horizontes distintos: curto prazo (até dois anos), médio prazo (até cinco anos) e longo prazo (10 anos ou mais). O método traz estruturação e clareza para criar o futuro desejado, visando serem precursores em inovações disruptivas, as quais serão o core business a longo prazo.
De maneira prática, pode-se pensar que, estrategicamente, o Foresight trabalha com três diferentes planos estratégicos: disruptivo de longo prazo, com ações a partir do presente para criação deste futuro que não existe; inovação incremental, considerando investimento em iniciativas de médio prazo; e manutenção dos processos e da sustentação das estratégicas de curto prazo, de maneira a gerar valor para as prioridades mais urgentes.
“O setor de RH precisou se transformar em um cenário geral para encontrar uma maneira de fazer essa gestão de pessoas a distância e adaptar os serviços diários para o trabalho remoto, como a marcação de ponto”, afirma Silvério. As maiores mudanças aconteceram na área de serviços compartilhados, enquanto os canais de dúvidas, reembolsos, atualização de dados pessoais, acesso a informações por parte dos funcionários e controle de jornada passaram a ser digitais. O mecanismo permite que os profissionais de RH façam a gestão completa dos colaboradores por meio da plataforma, que concentra dados desde o processo de contratação, até folhas de pagamento e plano de carreira. Isso permite um olhar mais estratégico, progressivo e maior autonomia nas decisões.
A área de desenvolvimento de talentos mudou do modelo presencial para o formato online, oferecendo programas e soluções de maneira mais flexível, nos quais os profissionais podem planejar o melhor momento para investir no seu desenvolvimento. Videoconferências, podcasts, webséries e microlearning são alguns dos exemplos de formatos que começaram a ser oferecidos.