Um relato sobre pertencimento, afeto e os marcos que moldam nossa trajetória pessoal e profissional.
Colunista Mundo RH, Lilian Giorgi, Managing Director na Alvarez & Marsal
Junho sempre foi especial para mim. É o mês em que celebro meu aniversário, o aniversário do meu filho caçula, Miguel — que neste 12 de junho completa 16 anos — e, agora, também o mês em que completo 10 anos de jornada na Alvarez & Marsal. Três marcos pessoais que, apesar de diferentes, se entrelaçam de um jeito que me emociona: cada um fala de amor, de identidade e de renovação.
Talvez por isso eu sinta que junho tem cheiro de recomeço — não no sentido de romper com o passado, mas de olhar para ele com afeto e seguir adiante com mais consciência. Dez anos na A&M me trouxeram muitos aprendizados, mas talvez o mais poderoso seja este: não existe crescimento verdadeiro sem vínculo. Crescemos com as causas que abraçamos, com as pessoas que nos inspiram e com as histórias que decidimos construir juntos.
Foi exatamente isso que senti ao ser surpreendida por uma daquelas homenagens que tocam fundo. Uma reunião comum na minha agenda virou, de repente, uma celebração íntima e memorável: ali estavam todos do meu time, com olhos brilhando e sorrisos cúmplices. Ganhei um livro cuidadosamente escrito que narra essa década de história com detalhes e afeto. Um vinho da safra 2015 — o ano em que cheguei à A&M — me lembrou que o tempo, quando bem vivido, só melhora.
Um quadro com uma árvore, cujas folhas eram as digitais de cada membro da equipe, representava, com poesia, a beleza de crescermos juntos. E, como se não bastasse, um vídeo emocionante reuniu meu time atual, colegas, sócios e até pessoas que já seguiram outros caminhos, mas que continuam vivendo em mim. Ao final, ver meus filhos, Pedro e Miguel, aparecerem na tela — cúmplices na surpresa — foi demais para o meu coração. Chorei. Chorei muito. Porque entendi, de um jeito novo, que pertencimento não se explica: se sente.
Esses dez anos me mostraram que crescer dentro de uma organização é, na verdade, crescer dentro de si mesma. É descobrir novas formas de contribuir, de liderar, de aprender. É entender que a escuta pode ser mais transformadora que a fala. Que a dúvida, bem acolhida, pode ser um convite à evolução. E que a coragem, muitas vezes, mora nos gestos sutis.
Evoluir com quem está ao lado também é parte essencial disso. Não há construção individual sólida sem um time que inspire, desafie e caminhe junto. É esse convívio diário, feito de reuniões, cafés rápidos, projetos intensos e muitas boas risadas, que faz a trajetória valer a pena.
Do lado de fora do crachá, junho também me lembra da minha missão mais sagrada: ser mãe. Miguel, meu filho caçula, nasceu no Dia dos Namorados, como que para me lembrar anualmente que o amor, em suas diferentes formas, é o que nos ancora e nos impulsiona. Que nada do que sou no trabalho se sustenta sem o que sou em casa. Que o verdadeiro sucesso é aquele que conseguimos levar para a mesa do jantar, com leveza na alma.
A você, leitor ou leitora dessa revista, deixo uma pergunta: estamos criando espaço para celebrar os nossos ciclos com profundidade? Estamos reconhecendo os marcos que nos lembram de quem somos, o quanto já caminhamos e por que continuamos? Talvez o que nos transforme de verdade não seja o próximo passo, mas o significado que damos ao passo que já foi.
Seguimos. Com coragem, com afeto e com o coração inteiro.