Manter o foco na resposta da empresa à covid-19 sem perder o cenário geral dos negócios e possuir expertises necessárias para apoiar a recuperação. Esses são alguns dos principais desafios que constam nos documentos “Conselho de Administração: Prioridades para a Agenda 2021” e “Comitê de Nomeação e de Governança: Prioridades paraa Agenda de 2021”, elaboradas pelo ACI Institute e o Board Leadership Center da KPMG Brasil.
“Com um panorama intimidador e de maior risco para os negócios neste ano, existe uma maior pressão para os conselhos de administração, a gestão e a própria governança das empresas. Por isso, é extremamente importante manter diálogos e debates contínuos e efetivos entre o Conselho com os seus Comitês e com a gestão da Empresa, para estarem preparados para os riscos e oportunidades emergentes”, explica Sidney Itosócio da KPMG e CEO do ACI Institute e do Board Leadership Center que também analisa as prioridades para os comitês de nomeação e governança.
“Neste ano devem ser repensados os processos de nomeação dos conselheiros, com direcionamento de esforços para fornecer oportunidades verdadeiramente iguais para que pessoas talentosas ingressem e contribuam para um conselho de administração mais diversificado e preparado para as disrupções no negócio. A nova realidade demanda essa reflexão”, finaliza.
Principais prioridades para o conselho de administração:
1 – Manter o foco na resposta da administração à covid-19 sem perder de vista o cenário geral dos negócios: a covid-19 continuará redefinindo os modelos de negócios das empresas e dos seus conselhos de administração.
2 – Fazer da gestão do capital humano e da sucessão do CEO prioridades: com o cenário atual, maior transparência pelas empresas e uma maior supervisão pelos conselhos de administração são exigidos com relação a estratégia de desenvolvimento e retenção do capital humano, incluindo o próprio CEO.
3 – Questionar se a empresa está fazendo o suficiente para promover mudanças reais e duradouras no combate ao preconceito sistêmico e ao racismo: as empresas precisam agir, usando todos os recursos disponíveis para promover mudanças reais e duradouras no combate ao preconceito sistêmico e ao racismo.
4 – Reavaliar o foco da empresa em ESG (Environmental, Social and Governance) e seu proposito corporativo: há uma demanda crescente por divulgações mais robustas sobre como as empresas estão endereçando os assuntos relacionados ao ESG, incluindo riscos e oportunidades.
5 – Reavaliar se os planos e resiliência a crises estão alinhados à estrutura de gerenciamento de riscos da empresa: a crise da covid-19 levantou uma série de questionamentos para os conselhos e os gestores à medida que reavaliam os riscos e quanto estão preparados para endereçá-los.
6 – Abordar a segurança cibernética e a privacidade de dados de forma holística: uma tendência é a importância de uma abordagem holística para a governança de dados, ou seja, os processos e protocolos existentes com relação à integridade, proteção, disponibilidade e uso dos dados.
7 – Atuar na definição do tone-at-the-top e monitorar a cultura corporativa: a covid-19 aumentou o risco de falhas na conduta ética e no compliance, especialmente devido ao elevado risco de fraude decorrente de dificuldades financeiras dos funcionários e pressão sobre os administradores para cumprir metas financeiras.
8 – Construir um conselho que possua habilidades para construir a estratégia da empresa pensando não só nas futuras necessidades, mas na sua perenidade: talento e diversidade nos conselhos também estão no foco dos investidores, reguladores e demais stakeholders.
9 – Ser proativo no engajamento com acionistas e ativistas: investidores institucionais exigem cada vez mais prestação de contas e transparência por parte dos conselhos e vêm se conectando cada vez mais com os membros independentes.
Principais prioridades para o comitê de nomeação e governança:
1 – Expertises necessárias para apoiar a recuperação dos negócios: o foco no recrutamento e a experiência em transformação e continuidade de negócios ou reestruturação, provavelmente, estarão em alta.
2 – Sucessão de emergência: a pandemia ensinou que ter plano de sucessão robusto para momentos de crise é fundamental.
3 – Assertividade de medida contra racismo: a necessidade de agir contra o racismo sistêmico se tornou um imperativo empresarial crítico.
4 – Planejamento e prática de recrutamento e sucessão: para lidar com limitações alguns comitês usaram abordagens criativas, como caminhadas ao ar livre com um potencial candidato, mantendo o distanciamento social.
5 – Gerar valor por meio da diversidade: a diversidade é uma das ferramentas mais importantes para alcançar esse objetivo.
6 – Planejar a interação com investidores ativistas: em um ambiente em que conselheiros enfrentam eleições anuais, os investidores institucionais estão, cada vez mais, usando práticas de voto direcionadas para registrarem seu descontentamento com o conselho.
7 – Incorporar perspectivas mais amplas de stakeholders: o conhecimento do conselho a respeito dos interesses de stakeholders, juntamente com a compreensão das prioridades dos acionistas são vitais.
8 – Desafiar o pensamento tradicional: as empresas precisam considerar o impacto das transformações tecnológicas e novos modelos de negócios no conselho e olhar para um grupo mais amplo de candidatos.
9 – Avaliar a remuneração dos conselhos à luz das tendências recentes: o comitê de nomeação deve garantir que a remuneração dos membros do conselho reflita a saúde financeira da empresa, em linha com a performance do conselho.