Enquanto vivermos para provar algo a alguém, estaremos aprisionados.
Por Heloísa Capelas – mentora de líderes
Vivemos carregando um fardo invisível: a necessidade de ter razão. Mas já parou para pensar no peso que isso nos impõe? Vou exemplificar com uma situação banal que, acredito, pode acontecer com muitos de nós. Se um vizinho passa e não retribui o nosso “bom dia”, rapidamente surgem alguns julgamentos em nossa cabeça, e prometemos não mais cumprimentá-lo. Afinal, nos sentimos no direito – por vezes, até de nunca mais olharmos nos olhos dele.
Mas eu te pergunto: e se ele estivesse simplesmente distraído, absorvido em seus próprios problemas? Nunca saberemos. A verdade é que a busca incessante por validação e justiça pessoal pode nos tornar prisioneiros de um ciclo desgastante. A situação do “bom dia” se repete em muitos outros contextos relacionais, onde nos autodecretamos detentores da razão e, junto com ela, surge um fardo pesado a se carregar, cheio de ressentimentos, dores e incompreensões.
O grande desejo humano é a leveza. No entanto, enquanto insistirmos em manter um controle rigoroso para provar que estamos certos, essa leveza se torna inalcançável. Como sair desse ciclo? É necessário um mergulho interno, uma viagem à nossa própria história para compreender onde e como aprendemos a desenvolver a rigidez da razão. Ninguém nasce sabendo tudo, mas crescemos ouvindo cobranças que nos fazem acreditar que o erro não é permitido. Isso nos aprisiona em um estado constante de cobrança e culpa.
A solução está no autoconhecimento. Enquanto vivermos para provar algo a alguém, estaremos aprisionados. Mas, quando nos libertamos da necessidade de sermos os melhores ou os maiores, percebemos que já somos suficientes. O medo e a dúvida nos impedem de enxergar essa verdade, tornando a vida pesada e angustiante.
Dentro de cada adulto pode haver uma criança ferida que precisa de atenção. Ela guarda as respostas que tanto buscamos. Quando a escutamos e a auxiliamos a crescer, encontramos o caminho para as mudanças e a verdadeira paz.