O principal benefício da ampliação desse direito está em reconhecer que ele é essencial para o pai, para a mãe e, sobretudo, para o bebê.
Leandro Bazello, Diretor-Geral da MAM Baby no Brasil
Refletir sobre a importância de uma licença-paternidade estendida para 120 dias nos leva a questões fundamentais sobre família, trabalho e a construção de uma sociedade mais equilibrada. Esse período ampliado não é apenas uma oportunidade para o pai descansar ou estar presente nas primeiras semanas do bebê. Trata-se de um momento único para criar vínculos profundos, apoiar a parceira no puerpério e compartilhar as descobertas de uma nova rotina familiar.
O principal benefício da ampliação desse direito está em reconhecer que ele é essencial para o pai, para a mãe e, sobretudo, para o bebê. Não vivemos mais em uma sociedade onde o papel do pai se limita ao de provedor e o da mãe ao cuidado exclusivo da criança e da casa. Esses valores estão ultrapassados. O conceito de família hoje é diverso em suas formações e significados, mas, independente de qualquer configuração, é dever de ambos os pais prestar assistência à criança, especialmente nos primeiros meses de vida.
Com uma licença-paternidade estendida, os pais têm a chance de construir laços afetivos mais sólidos com seus filhos, oferecer o suporte emocional e prático ao parceiro ou parceira e vivenciar um dos momentos mais transformadores de suas vidas. É também uma forma de avançar rumo a uma sociedade mais igualitária, que promove condições reais de equilíbrio para homens e mulheres, fortalecendo as relações familiares e ampliando a noção de cuidado compartilhado.
Para além da esfera pessoal, o impacto de uma política como essa reverbera diretamente no ambiente corporativo. Empresas que oferecem benefícios como a licença-paternidade estendida demonstram um compromisso genuíno com o bem-estar dos colaboradores e suas famílias. Essa postura vai além da busca por produtividade: ela evidencia uma cultura que valoriza as pessoas em sua totalidade.
Hoje, cada vez mais profissionais talentosos buscam empresas alinhadas a valores humanos, que respeitam e apoiam a vida fora do expediente. Nesse contexto, a licença-paternidade ampliada se apresenta como um poderoso diferencial competitivo, tanto na atração quanto na retenção de talentos. Não se trata apenas de seguir tendências, mas de liderar transformações essenciais.
O cenário legislativo brasileiro, que garante apenas cinco dias de licença-paternidade – passíveis de extensão para até 20 dias, dependendo do empregador – ainda está distante de atender plenamente às necessidades familiares. Por isso, é inspirador ver organizações que ultrapassam os requisitos legais e adotam políticas mais abrangentes, reconhecendo o papel crucial dos pais nos primeiros meses de vida dos filhos.
Empresas que investem em iniciativas como essa se posicionam na vanguarda do futuro do trabalho, construindo um ambiente que equilibra objetivos corporativos com propósitos humanos. Ao oferecerem uma licença-paternidade estendida, elas não apenas transformam a vida de seus colaboradores, mas também enviam uma mensagem clara à sociedade: é possível – e necessário – conciliar sucesso corporativo com cuidado e empatia.
Promover e debater essa prática é fundamental. A conscientização pública sobre o tema e sua disseminação em rodas de conversa, eventos ou ações de engajamento ajudam a ampliar o impacto social de iniciativas como essa, incentivando mais empresas a aderirem a um modelo que valorize o núcleo familiar como parte central de seu propósito.
O avanço da licença-paternidade estendida é um marco que vai além de números e resultados financeiros: ele simboliza um compromisso com o futuro, no qual empresas e famílias caminham juntas para um mundo mais conectado, equilibrado e justo. Afinal, investir no lado humano é garantir um legado que transcende gerações.