Como as habilidades necessárias para encarar um vestibular são também importantes para o dia a dia no trabalho
Colunista Mundo RH, Fabrício Garcia, CEO da Qstione
São muitos os fatores que influenciam o resultado final de um vestibular ou de quaisquer outras avaliações, como o Enem, e até mesmo as provas realizadas na universidade. Para superar um vestibular concorrido, não basta dominar os conhecimentos solicitados nos testes. É imprescindível o domínio de muitas outras habilidades que não são diretamente solicitadas nas provas.
Já ouvi, algumas vezes, profissionais da educação dizendo que as provas não avaliam o potencial do indivíduo, pois serviriam apenas para aferir a capacidade de memorização do estudante. Essa afirmativa é incorreta, pois, para obter um bom resultado nas avaliações cognitivas, o estudante precisa ter um histórico de disciplina e dedicação mínima para alcançar um bom resultado. Outro ponto importante é que nem todas as avaliações cognitivas servem apenas para aferir a capacidade de memorização de informações pelo estudante ou candidato.
As provas podem solicitar habilidades cognitivas superiores, como a capacidade de analisar dados, interpretar textos, avaliar casos práticos, entre outras habilidades. No entanto, mesmo quando o teste se resume a avaliar a capacidade de memorização, outras habilidades são solicitadas indiretamente. Quanto mais difícil é o teste, maior será o número de habilidades indiretas solicitadas aos estudantes.
Para ser aprovado em um vestibular concorrido, o candidato precisa de habilidades socioemocionais que são extremamente importantes no meio corporativo. É preciso ter foco para manter a disciplina diária de estudos, método para aprender novos conhecimentos, capacidade de se automotivar e equilíbrio emocional para reduzir a ansiedade e manter a calma durante o teste.
Assim, passar em um vestibular concorrido e cursar uma boa universidade pode ser o prenúncio da aquisição de soft skills. Isto é, ter bons resultados em vestibulares é um bom indício de perfil comportamental, sendo a prova viva de que você tem potencial para superar desafios e foco para desenvolver trabalhos que requerem mais atenção e dedicação.
Sendo assim, se eu fosse diretor de RH, prestaria mais atenção naqueles candidatos a vagas de emprego que já passaram em testes concorridos e/ou cursaram escolas e universidades que são tradicionalmente mais criteriosas em suas avaliações. Outra ideia que considero interessante é aplicar testes dentro do processo de seleção de empregos, pois é uma excelente maneira de avaliar o comportamento dos candidatos sob a pressão imprimida pelo próprio teste.
Os melhores processos de contratação promovidos por minha empresa ocorreram a partir da aplicação de diferentes testes, inclusive testes cognitivos. Nessas seleções, nem sempre os contratados obtiveram o resultado esperado nos testes, mas o comportamento deles diante dos problemas colocados nos testes foi um fator decisivo na hora da contratação.
O fato é que o simples domínio de um determinado conhecimento não é suficiente para que o indivíduo tenha sucesso na vida profissional. Por isso, o histórico escolar e a avaliação do comportamento do candidato mediante a realização de testes são, para mim, o melhor caminho para conseguir uma avaliação criteriosa do candidato em um processo seletivo para contratação de profissionais em quaisquer áreas.
Em suma, se você é um empregador e quer contratar os melhores profissionais, a vida acadêmica pregressa do candidato é um fator muito importante que deve ser considerado no processo de decisão para a contratação do colaborador.
Se você quer ser um profissional competitivo no mercado de trabalho, concentre-se também no seu desempenho escolar e não subestime a importância das avaliações, pois elas podem ajudar a forjar habilidades essenciais ao mercado de trabalho atual.