Trabalhar no mercado audiovisual, nesses últimos anos, me fez criar o hábito de perguntar para as pessoas da empresa o que elas estão assistindo. Normalmente, as respostas são bem diferentes e acho curioso ouvir sobre a variedade de assuntos pelos quais as pessoas se interessam e a conexão que criam com esses conteúdos.
Quando falamos de liderança colaborativa, eu me conecto com a mesma pluralidade que percebo nessas conversas informais. Somos diferentes uns dos outros. Temos histórias de vida, referências, crenças, gostos, ou seja, características que, quando bem combinadas, podem nos ajudar a sermos mais relevantes, inovadores e produtivos. Mas como conectar esses valores distintos e direcioná-los para um único objetivo?
Ser capaz de conhecer, observar e entender os diferentes perfis e competências das equipes para melhor combiná-los e, assim, construir times organizados na busca de resultados diferenciados é um dos grandes valores do líder colaborativo. E essa competência passa por um interesse genuíno do líder nas pessoas e nas suas diferenças. Não é tão trivial quanto pode parecer, pois inconscientemente buscamos nos aproximar de pessoas parecidas conosco. É o nosso mecanismo natural nos conectando com o que o cérebro julga ser uma zona segura de relacionamento.
E o desafio não para por aí. A reflexão sobre a liderança colaborativa traz para a agenda das empresas a necessidade de “reinvenção” dos estilos e perfis de liderança. Sai de campo o chefe herói, que tem todas as soluções, não escuta, ameaça e vive buscando culpados, e entra o gestor que empodera, pergunta e aprende, cultiva as diferentes ideias e entende que o erro pode fazer parte de um aprendizado maior. Estamos falando aqui de um líder que acredita genuinamente no poder da diversidade, que tem empatia, assume suas vulnerabilidades e cria, portanto, as condições de “segurança psicológica” no ambiente de trabalho. Há um artigo interessante sobre isso na Harvard Business Review (High-Performing Teams Need Psychological Safety. Here’s How to Create It) .
Outro aspecto relevante é buscar se desprender e ser capaz de compartilhar o trabalho, dando destaque e mérito às conquistas da equipe. Saber deixar de ser o protagonista não é fácil. Afinal de contas, quem não gosta de se sentir reconhecido? Se pensarmos sobre como atrair as novas gerações, esses comportamentos se tornam praticamente mandatórios! Eles já nasceram em um ambiente de rede. Onde participar, cocriar e se sentir reconhecido são palavras-chave para se conectar com um público que hoje representa mais de 23 milhões de brasileiros.
Exagero na colaboração? Pode acontecer também. Manter objetividade e foco é fundamental. O líder colaborativo tem a missão de acompanhar as entregas e trazer foco para a equipe, caso o excesso de colaboração apresente algum risco para o prazo da entrega, por exemplo.
A liderança colaborativa não é, e não será a solução para todos os nossos problemas corporativos, mas acredito ser essencial para a “sobrevivência das organizações” nos tempos atuais. Nossos novos heróis são as nossas equipes!
Fica aqui meu agradecimento especial para a Kellen e Tati, da equipe de Comunicação Interna, que me ajudaram na cocriação desse artigo. 😊
Por George Riche, Diretor de Recursos Humanos Globosat