Líderes autênticos compreendem que, quando cada indivíduo alcança seu potencial máximo, toda a equipe prospera
Rodrigo Villaboim – publicitário e sócio-diretor da agência de live marketing .be Comunica.
Trabalhar dentro da indústria de comunicação, em uma agência, tendo interface diária com parceiros dos mais diversos mercados e indústrias, permite-nos observar avanços (mas também retrocessos) diários no mundo corporativo.
Líderes autênticos compreendem que, quando cada indivíduo alcança seu potencial máximo, toda a equipe prospera. Incentivar a expressão individual e a proeminência da identidade pessoal dentro da empresa é uma marca dos ambientes de trabalho modernos e progressistas.
Não podemos negar, contudo, que a cobrança por resultados existe em todos os ambientes profissionais. Isso se acentua neste mercado, onde a competitividade é grande, resultando na alta rotatividade dos profissionais que atuam nas agências. Esse sempre foi, e sempre será, o nosso maior desafio: reter bons talentos e atrair profissionais agregadores da concorrência.
Entretanto, acredito que é possível conciliar bons resultados com um ambiente saudável e acolhedor, liderado por gestores inspiradores que prezam não somente pela satisfação dos clientes, mas também dos colaboradores. Abaixo, cito desafios e, principalmente, lições de gestão que aprendi e continuo aprendendo ao longo dos anos.
A semana de quatro dias de trabalho é um desafio para a gestão de pessoas, pois exige uma mudança de cultura, de mindset e de processos. Antes de adotarmos esse modelo de trabalho por aqui, passamos por um longo período vivenciando novas abordagens e métodos até então revolucionários para o mercado de trabalho.
A pandemia já havia nos ensinado muito sobre gestão de pessoas, considerando a distância que o formato on-line proporciona. Estamos cada vez mais acostumados a trabalhar com ferramentas digitais que facilitam a comunicação, a colaboração e o monitoramento das atividades.
A empresa também já tinha uma cultura de feedbacks, metas e avaliações de desempenho. Esses elementos são essenciais para manter a transparência, a responsabilidade e a confiança entre gestores e colaboradores.
Entendemos, então, que a forma de balancear gestão e foco em resultados é trabalhar na base da confiança. Acredito que precisamos de colaboradores que tenham o sentimento de dono, um amor pela empresa e uma vontade de fazer com que tudo dê certo. Se o colaborador acredita nessa relação de troca, a gestão e o resultado acabam sendo consequências.
A organização precisa entender que o papel dos gestores é fundamental para criar uma cultura que valorize os colaboradores, resgate o espírito de pertencimento e garanta um ambiente acolhedor, próximo e inspirador. Antes de qualquer coisa, as empresas são formadas por pessoas, e elas precisam ser sempre o centro das atenções.
Mas, por que, ao mesmo tempo em que tanto se fala em gestão, ainda há tantos casos de burnout nas empresas?
Uma das razões para a ocorrência de tantos casos de burnout nas empresas é que elas não estão preparadas para lidar com as novas gerações de profissionais que surgem a cada dia. São profissionais que priorizam um equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Eles buscam propósito, desafio, reconhecimento, autonomia e flexibilidade no trabalho. Não aceitam jornadas excessivas, cobranças abusivas, ambientes tóxicos ou falta de perspectivas.
Quando não conseguimos atender às expectativas e necessidades desses profissionais, geramos insatisfação, frustração, desmotivação e desengajamento. Esses sentimentos, somados à pressão, à competitividade e à incerteza do mercado, podem levar ao burnout.
Por isso, é necessário adaptar-nos ao novo cenário e às novas demandas dos trabalhadores. É preciso rever políticas, culturas e modelos de gestão, criando assim espaços de diálogo, de escuta, de apoio e de cuidado com os colaboradores. Entender que, hoje, o equilíbrio na vida dos colaboradores é fundamental tanto para a satisfação deles quanto para uma entrega mais consistente e que traz mais resultados para as empresas.
O profissional de hoje também precisa entender que a entrega precisa ser sempre primorosa. Desafios sempre existirão, mas um bom profissional, dedicado, engajado e comprometido, terá, independentemente de suas aptidões, maior destaque. As empresas precisam mudar e os profissionais também.
Por isso, acredito que ter como diferencial a política de semana de quatro dias de trabalho nos ajudará a atrair e reter os melhores talentos, a cuidar da saúde dos nossos colaboradores e a inspirar o mercado a fazer diferente e melhor.
Saber como balancear a gestão de pessoas sem perder o foco nos resultados, trabalhando na base da confiança, da flexibilidade e do reconhecimento, preocupar-se em capacitar e desenvolver os gestores para que possam liderar suas equipes com eficiência, empatia e inovação é o melhor caminho.
Sim, é necessário conciliar produtividade, dar acesso, qualidade e satisfação no trabalho, contribuindo para um mundo mais digital, mais humano e mais sustentável. Exige coragem, mas pode se tornar realidade.