Descubra como a liderança empática pode transformar o ambiente de trabalho, promovendo bem-estar, engajamento e resultados positivos para equipes e organizações.
Por Elisa Mendoza, diretora de RH da MSD Brasil
As relações e as formas de trabalho evoluem constantemente. Uma das mudanças mais evidentes está na maneira como as lideranças empresariais agem e são percebidas pelos funcionários. Antes, era comum encontrar líderes que operavam com estruturas hierárquicas rígidas, gestão centralizada e pouca comunicação. Hoje, o cenário é muito mais positivo, dinâmico, aberto e humano.
A liderança empática é um estilo de gestão baseado na compreensão e no apoio aos funcionários, considerando suas emoções, experiências e perspectivas. Esse modelo não apenas promove um ambiente de trabalho mais saudável e inclusivo, como também impacta positivamente a saúde mental e a produtividade das equipes. Adotar uma postura empática e acessível pode transformar o ambiente organizacional e gerar benefícios significativos.
O papel do RH na construção de uma cultura de liderança empática é crucial, especialmente em um contexto onde a saúde mental dos colaboradores está em evidência. Em 2023, o INSS registrou um aumento de 38% nos afastamentos por questões de saúde mental em comparação a 2022, representando quase 300 mil pessoas.
Nos Estados Unidos, uma pesquisa do LinkedIn revelou que sete em cada dez profissionais considerariam pedir demissão caso enfrentassem um chefe ruim. Esses dados alarmantes evidenciam que ouvir os colaboradores e estar aberto à mudança não é suficiente; é necessário criar um ambiente seguro e de confiança, onde os funcionários se sintam valorizados e respeitados.
Esse ambiente é fundamental para promover a satisfação no trabalho, o que reduz a propensão ao estresse e ao burnout. Quando os colaboradores se sentem à vontade para serem quem são, o impacto positivo na saúde mental e na produtividade da equipe torna-se visível.
Uma pesquisa da Deloitte, realizada com 10 mil profissionais de mais de 100 países, apontou que a falta de preparo das empresas ainda é um obstáculo para a mudança em direção a uma cultura mais inclusiva, aberta e humana. Apesar de 87% dos executivos reconhecerem que as formas tradicionais de trabalho estão mudando e que as empresas precisam se adaptar, apenas 24% sentem que suas organizações estão prontas para dar esse passo.
Para promover essa cultura, o RH deve desenvolver programas de treinamento e desenvolvimento que enfatizem habilidades como escuta ativa, comunicação aberta e inteligência emocional entre os líderes. Além disso, é essencial implementar políticas e práticas que incentivem feedback contínuo, permitindo que os colaboradores se sintam valorizados e ouvidos, e criando, assim, um ambiente de trabalho mais colaborativo e inclusivo.
É importante destacar que construir uma liderança mais empática implica mudar uma cultura, o que demanda tempo. O interesse genuíno dos líderes também é fundamental para que essa transformação se torne realidade. Identificar líderes que já demonstram naturalmente essa evolução e engajá-los como multiplicadores desse comportamento esperado pode ser uma estratégia eficaz.
Na MSD Brasil, fomentamos o aprendizado contínuo por meio de um programa de liderança que aborda temas como comunicação não violenta, a condução de sessões de feedback e como lidar com conversas difíceis. Oferecer ferramentas aos gestores é essencial para desenvolver uma cultura empática, mas é preciso ir além.
O RH também deve trabalhar na avaliação e no reconhecimento dos líderes que demonstram comportamentos empáticos, integrando essas práticas às estratégias de recrutamento e promoção. Dessa forma, contribui-se não apenas para o bem-estar dos colaboradores, mas também para o aumento do engajamento, da produtividade e, consequentemente, do desempenho organizacional.
Outro ponto crucial é a criação de conexões que rompem barreiras. Na MSD Brasil, promovemos sessões de conversa aberta e sem pauta definida, onde membros do comitê de liderança dialogam com qualquer funcionário interessado. Nessas conversas, conhecem a carreira, as aspirações e aspectos pessoais dos participantes. O programa, chamado Papo Aberto, ajuda a construir relações de confiança entre líderes e liderados, mesmo que pertençam a equipes diferentes, criando conexões genuínas e demonstrando vulnerabilidade.
De acordo com um estudo publicado na Harvard Business Review, lideranças empáticas estão associadas não apenas a ambientes de trabalho mais saudáveis, mas também a equipes mais produtivas. A pesquisa mostra que líderes empáticos são mais eficazes na resolução de conflitos, na tomada de decisões e na construção de relacionamentos positivos com os membros da equipe. Esse modelo de liderança também está relacionado a níveis mais elevados de engajamento e satisfação no trabalho.
Criar um ambiente onde os colaboradores se sintam à vontade para expressar preocupações, identificar problemas e trabalhar em conjunto para encontrar soluções contribui para um maior senso de pertencimento. O modelo de liderança tradicional, baseado em hierarquia e autoridade, está cedendo espaço para um estilo que permite às pessoas serem elas mesmas, opinarem, cometerem erros e exercerem autonomia. E essa é uma ótima notícia.