Colunista Mundo RH – Heloisa Ramos é Chief Human Resources Officer da Certsys
Os últimos anos mudaram muito o equilíbrio de direitos e oportunidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho, sobretudo quando falamos de liderança. Porém isso não quer dizer que já estamos em um patamar de igualdade e equilíbrio. Na verdade, ainda estamos bem longe disso, o que demanda que o tema nunca deixe de ser rememorado, trabalhado e discutido em todos os meios possíveis. Isso vale, sobretudo, para discussões em mídias da esfera de recursos humanos, pois o impacto dessa desigualdade na carreira das pessoas é muito grande.
O mercado de trabalho já mostrou muitas vezes o quanto se beneficia de diversidade. Mulheres líderes já cansaram de mostrar seu valor e apresentar resultados que, em um patamar de negócios, muitas vezes ultrapassa os atingidos por líderes homens. Apesar disso, ainda lutamos uma batalha diária para manter espaço, conquistar o mínimo e não sermos esquecidas como um “assunto resolvido ou encaminhado”. A desigualdade não acabou, e ela pesa no bolso, na carreira, nos sonhos e na vida de toda as mulheres.
Apenas para contextualizar um pouco, recentemente, o Global Gender Gap 2022, um estudo do Fórum Econômico Mundial, apontou que a liderança feminina no Brasil é de apenas 27%. Nesse ritmo, de acordo com a pesquisa, precisaremos de mais 132 anos para atingir um patamar de igualdade. Isso é inadmissível!
Nos ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável), estabelecidos pela ONU, existe a meta de alterar esse cenário até 2030. Uma das ODS é justamente “empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra”. Isso precisa se tornar realidade nesses próximos oito anos, o que é uma métrica confortável para a maior parte das organizações.
Em minha experiência profissional, posso afirmar que tenho encontrado portas abertas. A empresa em que atuo hoje possui mulheres em posições de liderança. Eu sou uma delas. Mas ainda há muito o que fazer por tantas outras organizações.
Para os profissionais de RH, essa é uma questão muito importante, pois estamos na linha de frente do contato com pessoas e valorizá-las é nosso dever. Iniciativas de apoio precisam partir da gente, pois somos nós quem abrimos as portas do mercado para tantas mulheres.
Mesmo em projetos que visam incluir mulheres em formações como as de tecnologia, por exemplo, ainda temos apenas uma parte da solução. Não importa quantas mulheres se formem em iniciativas assim se não houver espaço para elas no mercado de trabalho, e não só para entrada, mas para seu crescimento e desenvolvimento. As capacidades são cruciais, sim, mas é preciso lembrar todos os dias que o mercado é programado para barrar mulheres pelos motivos mais sem sentido e preconceituosos.
Ser uma profissional de RH, hoje em dia, é se perguntar todos os dias em que patamar de diversidade e igualdade estamos, e o que podemos fazer para mudar isso para melhor.